20061030

Mais uma do Mullá

Alguém, vendo Nasrudin procurando alguma coisa no chão, perguntou-lhe:
"O que é que você perdeu, Mullá?"
"Minha Chave", respondeu o Mullá.
Então, os dois se ajoelharam para procurá-la.
Um pouco depois, o sujeito perguntou-lhe:
"Onde foi exatamente que você perdeu essa chave?"
"Na minha casa."
"Então por que você está procurando aqui?"
" Porque aqui tem mais luz!"

Moral: Não que o Mullá seja mesmo uma mula, mas talvez até mesmo nós, que não somos mulas e nem Mullás, pela "Lei do Menor Esforço", muitas vezes nos incorremos procurando pelas coisas mais fáceis de se encontrar e que combinem melhor com os nossos costumes.

20061026

"O sonho de Svetlana"

Desde pequena Svetlana só tinha um desejo e paixão: dançar e sonhar em
ser uma "Gran Ballerina do Bolshoi". Seus pais haviam desistido de lhe
exigir empenho em qualquer outra atividade, uma vez que ela somente se
dedicava a dançar e dançar. Os rapazes já haviam se resignado: o
coração de Svetlana tinha lugar somente para essa paixão e tudo o mais
ela sacrificava pelo desejo do dia em que se tornaria bailarina do
Bolshoi.Um dia, Svetlana teve a sua grande chance. Conseguira um audiência com
Sergei Davidovitich, "Ballet Master do Bolshoi", que estava
selecionando aspirantes para essa Companhia de Dança. Nesse teste,
Svetlana dançou como se fosse seu último dia na terra. Colocou tudo que
sentia, aprendera e praticara em cada movimento de sua dança, como se
uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso.Ao final, aproximou-se do Master e lhe perguntou: "Então, o senhor acha
que posso me tornar uma 'Gran Baillarina'?" Na longa viagem de volta à
sua aldeia, Svetlana, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais
aquele "NÃO" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até
que ela pudesse novalmente calçar uma sapatilha, ou fazer um
alongamento em frente ao espelho. Dez anos mais tarde, Svetlana, já estimada professora de ballet, criou
coragem de ir à uma perfomarce anual do Bolshoi, que ocorreria em sua
região. Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitich ainda era
o "Ballet Master". Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe
contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto lhe
doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz."Mas, minha filha, eu digo isso à todas as aspirantes!", respondeu o Sr
Davidovitich. Ela, ainda inconformada, tentou justificar-lhe: "Como o
senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda a minha
vida à dança! Todos diziam que eu tinha o dom! Eu poderia ter sido uma
'Gran Baillarina' se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
"Havia solidariedade e compreensão na voz do "Master", mas ele não
hesitou em responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia
ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar o seu sonho
pela opinião de outra pessoa."
Moral: somente a própria pessoa conhece o seu mundo interior e o seus
ideais;isso gera insegurança, pois é um processo solitário, individual;
portanto, somente ela pode enfrentar tudo aquilo que lhe possa
interferir no trajeto e o no destino de sua vida; . Mesmo hoje em dia,
quando tudo é resolvido por "alguém', ou "em grupo", nós temos a
oportunidade de encontrar a nossa própria força interior.

20061025

Hoje eu cortei o cabelo!

"Estou indo na cidade, Mullá. Você precisa de alguma coisa?"
"Preciso!"
"Do quê?"
"De um corte de cabelo!"

Moral: Alguns trabalhos tem que ser feitos por sí próprios e não pelos outros!

(*) Histórias do Mullá Nasrudin - Edições Dervixe - RJ.

20061024

"Receita Médica" - Barão de Itararé

(Sobre como devemos tomar os nossos remédios)

Quando estamos doentes, afinal não temos outro remédio senão tomar remédio. O remédio, aliás, sempre faz bem. Ou faz bem ao doente que o toma com muita fé; ou ao droguista que o fabrica com muito carinho; ou ao comerciante que o vende com um pequeno lucro de 300%.
Mas, apesar do bem que fazem, devemos convir que há remédios que são verdadeiramente repugnantes, que provocam engulhos e violentas crises de repulsa do estômago. Como devemos tomar esses remédios repugnantes? Aí está o problema que procuraremos resolver para orientar os nossos dignos e anêmicos leitores.
O melhor meio de vencer as náuseas, quando temos que ingerir um remédio repelente consiste em recorrer à lógica dos rodeios, adotando os métodos indiretos, até chegar à auto-sugestão, transformando assim o remédio repugnante numa coisa que seja agradável ao paladar. Numa palavra, devemos tomar o remédio com cerveja, por exemplo.
Como devemos proceder para chegarmos a esse magnífico resultado? É indispensável comprar, antes do remédio, uma garrafa de cerveja. Depois é necessário bebê-la devagar, saboreando-a, para sentir-lhe bem o sabor. Liquidada a primeira garrafa, pedimos outra cerveja, e vamos tomá-la de outra forma, também devagar, mas com a idéia posta no remédio, cuja lembrança naturalmente nos provocará asco. Para voltarmos ao normal encomendamos uma terceira garrafa, com a qual já iremos dominando e vencendo a repugnância. Na altura da quinta ou undécima cerveja, nós já estaremos convencidos de que o gosto do remédio deve ser muito semelhante ao da cerveja e, assim, já podemos beber calmamente o remédio como cerveja. Mas, como não temos o remédio no momento e já não temos muita força nas pernas para ir à farmácia, continuamos a beber a infusão de lúpulo e cevada, até chegarmos à notável conclusão: se é possível chegar a tomar um remédio repugnante como cerveja, muito mais lógico será que passemos a tomar cerveja como remédio, porque a ordem dos fatores não altera o produto, quando está conveniente engarrafado.

PS1- Texto extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, da Editora Record (RJ), 1986, página 33, uma coletânea organizada por Afonso Félix de Souza;
PS2- Post dedicado ao"Mestre", com carrinho, digo, carinho!

20061023

P.A.

Para quem ainda não sabe “PA” é a unidade de medida da “Pressão Arterial”. Através de estudos científicos os especialistas dessa matéria (que são os cardiologistas) comprovaram que a medida ideal para a nossa pressão arterial deveria ser 13.8 x 8.2. Acima dessa medida já está caracterizado um quadro de hipertensão (branda, média ou severa, conforme esses números forem aumentando). Esse grande mal que aflige a humanidade, a hipertensão, acomete 20% da população adulta do mundo. No Brasil, são 16 milhões de doentes, pessoas com 50% mais chances de morrer por ataque cardíaco (Enfarte), 30% mais susceptíveis de ter um derrame cerebral (AVC), e 10% mais sujeitos à insuficiência renal. Apesar de tais riscos, 60% deles desconhecem que têm a doença, porque a hipertensão é um mal traiçoeiro, que avança lenta e silenciosamente, sem dor ou sintomas evidentes nas suas fases iniciais.
Quando se manifesta, sob a forma de um infarto, derrame ou insuficiência renal, muitas vezes já é tarde demais, e o paciente morre. Essa perda é mais triste ainda, porque, na grande maioria dos casos, isso poderia ser evitado. Caracterizada por um espessamento das paredes dos vasos sanguíneos, que dificulta a passagem do sangue, a hipertensão pode ser facilmente diagnosticada com testes regulares de pressão arterial. O exame é rápido e sem dor. Uma vez constatada a pressão alta, bastaria que o paciente, entre outras coisas, mudasse os seus hábitos alimentares, evitasse a obesidade, abandonasse as atividades estressantes, melhorasse as atividades físicas, ou usasse o imenso arsenal de remédios disponíveis para mantê-la dentro dos níveis ideais. A pressão arterial mede a força do fluxo de sangue imposta às veias e artérias. É máxima (sistólica) quando o coração se contrai e bombeia o sangue para o resto do organismo, e mínima (diastólica), entre um batimento e outro, no momento em que o músculo cardíaco relaxa.
Esse índice foi tornado público no Encontro Anual de 1999 da Sociedade Internacional de Hipertensão realizado em Amsterdã, Holanda, onde os cientistas, após pesquisa realizada por cinco anos, com 18790 hipertensos de 26 países, anunciaram a descoberta da pressão ideal: 13.8 x 8.2. Esse estudo mostrou que a pressão arterial, se mantida nesse patamar, reduz em até 45% os riscos de morte por infarto ou derrame.
Pesquisas recentes também relatam que a doação de sangue periódica previne doenças cardiovasculares. A doação de sangue tem também um efeito colateral benéfico, pois muitas pessoas somente descobrem que são hipertensas quando se candidatam a esse exercício de amor ao próximo, quando se propõem, voluntariamente, a doar o seu sangue. Não sou bobo nem nada, não dou sopa prô azar, se na vida sou lobo, não sou lobo do mar, e nas ondas azuis desse mar da vida, minha nau triunfante está a navegar, de vento em popa, na medida ideal. Ressalte-se aqui que sou doador de carteirinha (a última ocorreu há dois meses).
Recentemente fui fazer nova revisão cardiológica e o médico disse que minha PA estava muito alta (17x12). Também, pudera, depois ficar esperando por duas angustiantes horas, roendo as unhas, até ser atendido, assim, não há coração que agüente! Brincadeirinha, senhor Doutor, brincadeirinha... A PA estava ótima mas a espera foi de doar, digo, doer!

20061019

Navegando na maioneze?

Hoje em dia pouco se cria e muito se copia. Eu mesmo confesso que sou um grande “copião”. O advento da INTERNET nos propicia um filão inesgotável de idéias, pensamentos, aforismos e filosofias alheias. Paradoxalmente, essa apropriação e troca de textos e mensagens, audiovisuais ou não, é boa, pois dissemina uma enorme quantidade de informação útil e agradável, uma real necessidade, que dela carece a humanidade.
Entretanto, estive pensando, ainda é um grande sucesso um texto de Victor Hugo, renomado escritor e poeta francês, iniciado assim: “Desejo, primeiro, que você ame, e que, amando, também seja amado...”. Esse texto me marcou, e também me fez lembrar que “Amar e Ser Amado” é o título de um famoso livro do Pierre Weil, conceituado psicólogo, que trata das relações interpessoais e da comunicação do amor.
Nota-se aqui que os citados autores concordam que primeiro é preciso amar, mas que, por analogia, a recíproca também seja verdadeira. Assim, acredito que a falta do amor seja o grande mal que aflige a humanidade, e, em conseqüência disso, dela resulte também a atual miséria humana.
E justifico: como nós, humanos, que carregamos conosco uma grande carga de egoísmo e mesquinhez, poderemos oferecer amor, sem ter a certeza de que a recíproca será verdadeira? Não será dela, dessa incessante dúvida, a fonte de nossos incuráveis e inesgotáveis medos, e angustiantes ansiedades?
Jesus Cristo disse: “É dando que se recebe” e, não por menos, o primeiro paramita do Buda Gautama é a doação. Mas, amar - doar incondicionalmente o amor! - infelizmente nos faz recair na seguinte questão: “ser ou não ser" (Sheakespeare), "agir sem agir" (Lao-Tsé), armar e amar (vestir a couraça!).
Agora então, como fica esta minha reflexão? Este meu insight? Ele espelha alguma verdade? Segundo Deepak Chopra, em “O Caminho da Cura”, “os insights são visões interiores, vindas da mente cósmica, que penetram nossos espaços silenciosos, trazendo conhecimento e transformação.”
Se assim é, então que assim seja!
PAZ E AMOR!

20061018

Chorando as pitangas?

Se a pitanga cai no chão
Não fica só ela não,
Se a pitanga cai no chão,
Ficam elas de montão.

Se a pitanga cai no chão
Não fica só ela não,
Se a pitanga cai no chão,
Ninguém mais quer ela não.


Ps1- Paródia de: "Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada Zé, ou tem marimbondo no pé."

Ps2- "Marimbondos de fogo" me lembram de um outro Zé, o imortal!

PS3- Vespa ficou Dna S. com tanta pitanga no chão, no cascalho e no do jardim! (que culpa tenho eu se: os passarinhos não gostam de pitanga; as pitangas têm bichinhos; eu sozinho não dei conta de tanta pitanga; pitangar é da natureza das pitangueiras; esse ano foi o ano das pitangas; PÔ...).

20061016

Maktub

Essa expressão do fatalismo muçulmano significa estava escrito, tinha que acontecer. Maktub é apenas uma fórmula clássica por meio do qual o crente reafirma que seu espírito se acha plenamente conformado com os desígnios insondáveis da vontade de Deus! “Maktub!” também é um dos livros mais famosos de Malba Tahan, onde ele nos narra deliciosas histórias, como esta que transcrevo abaixo (“O príncipe e o filósofo”):

“O PRÍNCIPE Hi-Chang-Li era vaidoso e fútil. Um dia, ao regressar de um passeio em companhia de vários amigos, encontrou Confúcio. O venerável filósofo, sentado na laje de um poço, meditava tranqüilo.
- Eis uma oportunidade feliz- declarou o príncipe. - Consultemos esse famoso pensador sobre as dúvidas que nos ocorreram durante a excursão.
Um dos mandarins aproximou-se de Confúcio e interrogou-o:
- Em que consiste, ó esclarecido filósofo!, a verdadeira caridade?
- Em amar os homens! - foi a resposta.
- E a ciência?
- Em conhecer os homens!
- E o erro?
- Em confiar nos homens!
- E qual a arte mais difícil?
- Governar os homens!
Ao ouvir aquelas respostas, disse o príncipe em voz baixa ao mandarim:
- Noto que o velho retórico insiste em formular as respostas da mesma forma, relacionando-as, invariavelmente, com os homens. Irrita-me essa preocupação maníaca. Pretende, com certeza, divertir-se à vossa custa. É preciso interrogá-lo de modo que ele se veja obrigado a modificar o estribilho.
- Nada mais simples- rosnou entre os dentes o mandarim.
- Podes dizer-me, ó eloqüente filósofo!, quantas estrelas há no Céu?
- São tantas- respondeu o mestre - quantos os pecados, erros, defeitos e impertinências dos homens!
E depois de proferir tais palavras, levantou-se vagaroso e afastou-se dos indejesáveis argüidores.”
O que há de acontecer, acontecerá, a seu devido tempo: será que é isso mesmo, ou o nosso destino pode ser modificado? Essa questão, com certeza, Confúcio responderia. Mas, e hoje, como é que fica?
????

20061013

Delírio

Ebolui, dentro de mim, um desejo ardente, de te ver!
Evolui, acresce em mim, uma vontade louca, de te ver!
Eflui, domina em mim, um desejo mórbido, de te ver!
Reflui, dentro de mim, uma paixão imensa, de te ver!

Nascia, brotava em mim, um desejo lantente, de te ver!
Crescia, agia em mim, um desejo maluco, de te ver!
Ardia, queimava em mim, um desejo insano, de te ver!
Fremia, brunia em mim, uma paixão imensa, de te ver!

Daí, que fazer - e fiz!
Não tive saída, tive?
Ao amor, que conlui,
Fui te ver, não fui!

Distante, eu saí cá da planície, ao raiar poente,
Subi vasta montanha, adentrei novo continente!
Óh felicidade sentida imensa, que só o amor compensa;
Tirei a dor do meu peito, revivi nesse doce momento!

Quando ao vê-la sorrir e a correr me abraçar, por fim
Dei conta do sentimento que foi gestado em mim!
Idílio nunca se acabe, nem se esvaia de mim,
Porque se um dia tu fores, esse dia será meu fim!

(De: Primeiros poemas, 1986)

20061011

Mostrando "o cobra"!

Desde já antecipo que não se trata de conversa de alemão! No período de 1996 à 2004 eu colaborei com o jornal "Diário do Rio Claro" com um texto semanal, cuja coluna entitulei: "Caminhar...". Inicialmente, por vários anos, esses textos eram publicados aos sábados, na página 2. Para mim eles eram como se fossem passos de uma jornada em que cada novo texto representava uma nova pegada dessa minha caminhada na estrada da vida.
O título acima refere-se à qualidade intelectual do Bobby, meu filho. Em sua escola ele sempre esteve em evidência, nas notas, premiações, publicações e, atualmente, continua assim nas várias olimpíadas que disputa. Em 1999, quando ele estava com apenas oito anos, eu encontrei em cima do sofá um rascunho de papel com uma história muito interessante, que depois compartilhei com os meus prezados leitores. Como curiosidade mata, também não os deixarei curiosos...
"O que aconteceu no dia das crianças!
Parte 1 (começo): Faltava uma semana para o dia das crianças e todos os papéis de ofertas para presentes estavam sendo distribuídos em tudo quanto era lugar. E já que as pessoas estavam meio preguiçosas, elas começaram a jogar os folhetos na rua. As pessoas continuaram a fazer isso e esse problema foi parar na Prefeitura."
Parte 2 (meio): Na véspera desse dia o prefeito avisou: 'É melhor vocês limparem a cidade ou receberão um castigo, pois amanhã é o dia das crianças e vocês vão ter que limpar a cidade agora mesmo!'. A partir desse minuto todas as pessoas começaram a limpar a cidade.
Parte 3 (fim): No dia seguinte o prefeito fez uma grande festa e no final dela ele falou: 'Eu estou feliz por vocês terem limpado a cidade ontem e vou lhes dar presentes'. Os adultos ganharam um e as crianças ganharam dois. Desde então as pessoas passaram a jogar lixo no lixo. Foi isso o que aconteceu!".
Embora eu reincidisse sempre, ele não gostava que lhe citasse nesses meus textos do jornal, mas, no íntimo, todos nós gostávamos. Depois, confabulando com meus botões, resolvi perguntar-lhe: "Bobby, porque os pais também receberam um presente, quando se tratava do dia das crianças?" Ele inocentemente respondeu: "Eles mereceram um presente porque eles também ajudaram a pôr o lixo no lixo!". Criança tem cada resposta, vocês não acham? Principalmente se for cobra criada!
E devido a isso, para o bem da natureza e feliciddade geral da Nação, até hoje o Bobby Pai recicla todo o seu lixo doméstico. É trabalhoso, mas, esse "creme" compensa!

20061010

Alô!?

Não quero puxar a sardinha para o meu lado, mas o Bobby Filho, desde pequeno, sempre foi muito inteligente. Sem demagogia, não que ele tenha puxado o pai, mas quando ainda estava com oito anos e cursando a segunda série do Ensino Fundamental ele logo notou que os orelhões telefônicos mudaram da cor laranja para o limão e também observou que a palavra "Telefônica" estava escrita sem acento.
Curioso, como eu, ele indagou o motivo de tal aberração. "Boa pergunta, Bobby!" (afinal, outras pessoas também devem ter notado a gafe ortográfica, mas como ninguém reclamou....). Nós sabemos, com a onda de privatizações que ocorreram na década passada (governo FHC), a TELESP do Estado de São Paulo também teve esse mesmo destino, passando seu controle acionário para a companhia espanhola Telefonica e esse foi o real motivo da nova grafia dessa palavra, cuja homônima em português, como proparoxítono que é, recebe o acento circunflexo (o chapéuzinho) na terceira sílaba (que é a sílaba tônica dessa palavra).
Pragmático, como sou, eu bem que poderia ter ligado para o serviço de informações (102) da nova firma para fazer a reclamação, mas fico até imaginando o seguinte diálogo:
- Telefônica, fulana, boa tarde!
- Boa tarde, fulana. Você me atendeu com acento, mas nos orelhões está sem acento!
- Nós não trabalhamos em pé, mas os usuários dos orelhões têm que ficar em pé!
- Não é isso - insisti. É que a palavra telefônica, por ser proparoxítona, leva acento, mas nos novos orelhões ela está escrita sem. E, pelo telefone, vocês atendem com acento - telefônica - e não sem - telefoNIca!
Este suposto diálogo foi fictício, mas o absurdo da situação é real e persiste até hoje. Deduzo que a criançada de hoje já se acostumou com essas duas coisas (a grafia errada e a fonética correta), mas reclamar à quem: ao Bispo?
Uma coisa é certa, isso Kafka explica!
......
PS- Originalmente este texto é de 1999. Na época, esta crônica recebeu rasgados elogios verbais do Hélio Campos Mello, diretor de redação da revista "Isto É" (e foi ele próprio quem me ligou para me dizer que "na sua redação todos riram bastante com o texto recebido por fax").
nnnn

20061009

Recitando a receita

Em 1997, quando meu filho tinha apenas 7 anos, ele havia ganho no Natal anterior uma cachorrinha salsichinha (Duchshund?) que recebeu o nome de Tuka Ripiluka (pois pulava como uma maluca!). Do lado do quintal e pomar de minha casa, protegidos por uma cerca de madeira, havia uma trupe de galináceos garnisés, todos descendentes diretos do então finado Galin Ivan Denissovitich com sua companheira Marikota Ivanova - no início, ainda filhote, a cachorrinha convivia pacificamente com eles e a portinhola de madeira permanecia aberta, até que certo dia, coitadinho do Ivan... ;
E como o dia da criança está chegando, relembrando aqueles tempos, a grande magia para mim e o Bobby Filho, era poder comemorá-lo todos os dias. Quando pai e filho iam ao quintal, duas crianças iam brincar: “Cai, cai, balão; cai, cai, balão, na rua do sabão...” (Manuel Bandeira)...”, “não cai não, não cai não, não cai não, cai na palma da minha mão” (..?); có-có-có-có-có-có-ré, có-có-có-có-có-có-ré, cacareja, cacareja, a galinha garnisé; principalmente quando ela nota que o “raposão e o raposinho” furtaram os seus ovinhos! “Eu queria ser a rosa, lá-lá-rá-lá-lá, e vivendo num jardim, ter besouros, borboletas, lá-lá-rá-lá-lá, cirandando ao pé de mim!..” (Cecília Meirelles); “O cravo brigou com a rosa...” e a rosa se entristeceu, para não ficar ambos sofrendo, de sua briga se arrependeu. Sua roupa ele tirou e de rosa se travestiu. Mas a rosa em seu rancor, isso não consentiu, despiu-se de suas pétalas e de cravo ela se vestiu!; “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...”; Ciranda? Êpa, errei de verbo, o papo era receitar.
Então vamos lá: que tal uma receita de galinhada caipira? Ponha o tacho de água à ferver. Solte a cachorra no quintal. Espere ela caçar três galinhas garnisés. Recolha as galinhas e prenda a cachorra. Lastime um pouco, mas, sem remorsos, faça de conta que foi um acidente. Escalde as galinhas na água fervente. Retire as penas, eviscere-as. Lave bem. Descarte os pés e a cabeça. Corte o restante em nacos. Empacote os resíduos galináceos e coloque para o lixeiro levar (desove o pacote somente na hora que ele passar, senão dá bode, digo, gato!..). Em uma panela grande coloque um fundo de azeite (com certeza a galinhada é portuguesa!). Junte uma cebola e um dente de alho, picados. Acrescente os pedaços das galinhas. Corrija o sal e refogue bem. Junte, picados e a gosto, tomate, cheiro verde e legumes (batata, cenoura, vagem, milho, etc..). Previamente lavado e escorrido, adicione alguns punhados de arroz (a moda do Chef Allan: aos lanços). Misture bem, cubra com água fervente ou caldo de galinha, corrija novamente o sal e cozinhe pelo tempo necessário. Fica parecendo um reforçado angu, mas é isso mesmo. O que sobrar, sirva fria, senão a cachorra pode reclamar!
As personagens existiram, hoje não mais; agora estou vegetariano, a receita é boa, mas a história é...?


20061007

O mês de outubro é mesmo especial

Tudo porque hoje é o primeiro sábado do mês e amanhã já é o segundo domingo, fato que se repetirá nas próximas semanas, até o final de outubro. Isso não é mesmo um barato? Primeiro sábado, segundo domingo; segundo sábado, terceiro domingo; terceiro sábado, quarto domingo; quarto sábado, quinto domingo. Isso demonstra que o nosso atual calendário (gregoriano) é mesmo curioso. Já com o calendário Maia e Chinês é diferente, porque eles seguem o curso natural da natureza, e acompanham asquatro fazes da lua. Há outros fatos que também acompacham esse ciclo, mas, paro por aqui para não me alongar em detalhes.
"Porque hoje é sabado" (Vinicius), abri essa exceção com este post, pois aos sábados meu tempo por aqui é mesmo uma raridade.
nnnn

20061006

Sobre a beleza

Beleza se põe na mesa, ou não?
Vejamos então: são belas e perfumadas as rosas, não são!
Mas iguais, ou até mesmo mais admiradas as orquídeas não serão!?
Também há quem diga, que igual negra tulipa, tão bela, outra flor cultivarão.
Há quem aprecie as rosas, quem almeje as orquídeas primorosas ou quem só deseje as tulipas preciosas.
Já eu aprecio a beleza de tudo que nos cerca, seja ela qual for.
Contemplar coisa mais linda que a flor de São João a vestir e enfeitar a agreste cerca não há, é coisa até mesmo de se "fotografá".
Há tanta beleza a nos cercar que até mesmo chegamos a ignorá-la.
Pelo conceito que temos da beleza - o conceito da comparação! - menosprezamos, ignoramos, a beleza da flor de São João para admirarmos encantados a rara tulipa, que talvez jamais poderemos ter, tocar, ou mesmo sequer sentir o seu doce perfume.
O nosso conceito de beleza - o conceito exterior! - é efêmero como o desabrochar das flores, que tem somente uma e única formosura.
Eu, como admiro qualquer flor, veja em toda beleza, a sua beleza interior!
E você, caro leitor, diga-me agora, sem temor:
Beleza se põe na mesa?

20061004

Para eu reflexionar...

Estas três histórias de “ouvi contar...” estão inseridas no livro “A semente da mostarda”, do Mestre Iluminado OSHO:

1) Mullá Nasrudin foi ao psiquiatra e disse: “Eu estou muito confuso, faça alguma coisa. Minha vida está impossível! Tenho tido um sonho que se repete todas as noites. Sonho que estou diante de uma porta tentando empurrá-la o tempo todo. Existe algo escrito na porta, um sinal, e eu a continuo empurrando. Toda noite eu acordo transpirando e essa porta nunca abre ”. O psiquiatra anotou tudo o que ele dizia. Depois de ouvir durante meia hora, perguntou-lhe: “Agora, diga-me Nasrudin, o que está escrito na porta, que sinal é esse?”.
Nasrudin respondeu-lhe: “Está escrito: PUXE!”.

2) “Um menino foi à escola pela primeira vez". Ao voltar, sua mãe perguntou-lhe: “O que você aprendeu lá?” A criança disse: “Aprendi que meu nome não é Não! Sempre pensei que meu nome fosse Não. Afinal, você sempre diz: Não, faça isso! Não, vá lá! Não, seja assim! Então eu pensei que o meu nome fosse Não! Lá na escola eu fiquei sabendo o meu nome não é esse!”.

3) Uma noite, Mullá Nasrudin chegou em casa muito tarde, devia ser três horas da madrugada. Ao entrar, sua mulher estava muito zangada, então Mullá disse: “Espere, antes de me criticar me dê um minuto para explicar: "Eu estava em companhia de um amigo muito doente”. Sua mulher falou: “Essa é muito boa! Então me diga o nome de seu amigo?” Mullá Nasrudin pensou, pensou, e respondeu triunfante: “Ele estava tão doente que nem mesmo pôde me dizer seu nome!”.
Afora a propaganda desse livro, que mais estarei querendo aprender? Que psicoterapia é bom, porque sempre é bom ter alguém que nos ouça do jeito que gostamos de falar e, principalmente, que não nos retruque quando estamos expressando as nossas certezas. Que também devemos saber discernir a psicoterapia da psicoterapeuta. Que devemos saber a hora certa de parar quando isso for preciso, e também saber muito bem a diferença entre empurrar e puxar, ou seja, fazer a coisa certa na hora certa! Que todos sonhamos mas nem sempre nos lembramos. Que as mães, pelo bem estar de seus pimpolhos, mesmo com uma dor no coração, sempre dizem não quando isso é necessário. E que os adolescentes, para fazer isso mais aquilo, e quando rola coisa de seu interesse, pelo bem da causa, nunca respeitam os horários, uma vez que me lembro bem desses tempos. Que esse período passa rápido e que tudo que é feito errado, infalivelmente um dia irá de fato dar errado (Lei de Murphy). Que - dizem por aí! - foi por causa de uma simples vírgula que Napoleão perdeu a guerra. Que o casamento é uma grande responsabilidade (de ambas as partes) e os filhos também. Que na velhice nós ficamos mesmo esquecidos. E, finalmente, porque eu tinha decidido copiar todas as historinhas do OSHO para criar um livreto, para uso próprio, somente de: "ouvi contar..."; mas parei na terceira história porque em tempo percebi que fazer isso "não há tatu que agüente" e, como disse Cícero em seu famoso discurso: "Paciência tem limite, Sr. Álvaro Míchkim!".
Acho - acho nada, pois o último que achou até hoje nunca mais foi achado! Além do mais, junto com "gente" (a gente, agente o quê: Secreto!), não pegam bem, portanto, pondero que assim seja, para minha satisfação e felicidade geral da Nação, uma vez que no dia 29, como bom cidadão (ibid) terei que trabalhar novamente na mesa de votação.
Paz e bem!
NNNN




20061003

Banca?

Quando começamos a namorar, eu, como bom cavalheiro, insisti:
- Deixa comigo!
Mas, na segunda ou terceira vez, ela foi categórica:
- Vamos fazer uma banca?
Nisso, cofiando a barba de militante esquerdista, pensei com meus botões: banca é lugar onde se vendem revistas, livros, jornais, figurinhas...; ou seria banca de mestrado ou doutorado? Como bom cidadão, banca de bicho eu aceitaria não!
- Banca, que banca? - respondi.
- Bobinho, uma banca para as nossas despesas, para quando sairmos passear.
- Não é justo - continuou - somente você ficar pagando as contas quando sairmos juntos. Além do mais, não é você que se diz democrático. Seria machismo de sua parte querer fazer o contrário. Além do mais, em que século estamos?
- Vinte! - Eu.
- Então. - Ela.
Meio sem graça tive que admitir. Não sei onde iria enfiar o meu cavalheirismo, mas admiti:
- Talvez você tenha razão, só que...

(Pausa para uma divagação - para ganhar tempo e reorganizar a pauta!)

- ... só que, posso pedir uma coisa?
- Claro que pode, o que é? - disse ela.
- Posso chamar isso daí de coletivo? - respondi.
- Coletivo?
- É, coletivo, sacumé, você sabe como sou meio socialista - rabanete, vermelho por fora e branco por dentro! -, então prefiro chamar a "coisa" de coletivo, você concorda?
- Claro que sim, bobinho!
- Então tá legal, a partir do próximo ano faremos o "nosso" coletivo - disse isso para sentir firmeza na relação.
- Ano que vem? Assim não vale...
- Tá legal, então faremos como você quiser, okey.

(Pausa para uma explicação!)

Não é só chinês que gosta de contar historinhas. Eu também gosto! Então, segundo consta, havia um presidente norte-americano, desses bem famosos da história, que, na hora dos despachos com seus ministros, quando tinha que chancelar positivamente alguma decisão, escrevia OK e não Oll Korrect, como seria o certo. No início do seu mandato já havia sincopado para Okey. Logo depois assumiu de vez somente o OK. Eu, no seu lugar, ficaria vermelhinho, vermelhinho...; mas presidente gringo é outra coisa, sua mistura é fina, apronta cada uma e depois todo o "mundo" ainda lhe mostra a b...., digo, ainda bate palmas! E foi daí que esse termo colou, OK!
Após a explicação - por sinal, muito inusitada para um casal em começo de namoro! - falei prá ela:
- Benzinho, posso pedir mais uma coisa?
- O que vai ser agora? - ela gracejou!
- Pode, o quê? - Dela.
- Um beijo teu! - Meu.

NNNN

20061002

A música, as virtudes, os elementos...

O trabalho, a espiritualidade, a família, a prosperidade, o sucesso, os relacionamentos, a criatividade e os amigos, cada qual tem sua própria música:
"O trabalho só possui mérito e recompensa, se mantivermos a conduta correta e a fluência. Tal como água, ele gera energia e movimento, representando abundância. Quando visa a melhoria das condições, é promissor, pois está em harmonia com as possibilidades do momento. Sua música é suave e tranqüila, como o fluxo da água e desenvolvendo-se com a companhia de outros sons, em evidência à importância das relações no ambiente de trabalho. Retorna à água, demonstrando que o fluir deve ser cíclico e constante."
"Os prazeres para os sábios são basicamente de ordem espiritual, pois são o alimento constante da alma. Confúcio dizia que o verdadeiro sábio é aquele que vê despreocupadamente as coisas que os homens comuns vêem como preocupação, para poder se preocupar com o que eles vêem despreocupadamente. Sua música leva à instrospecção e ao florescer da sensibilidade, trazendo a suave melodia de um assovio, acompanhada pelo piano. Seu principal atributo é criar paz de espírito, condição necesária à reflexão."
"A família é a síntese do que deve ser a harmonia e a grandeza. Com origem nos antepassados é formada por um núcleo, ao qual vão se agregando outros elementos, gerando novos núcleos. Nesses pequenos círculos, são criados os princípios éticos, que mais tarde serão ampliados para se reencontrar e voltar a sua essência, com harmonia e grandeza. Sua música "se perde" e "se reencontra", criando e gerando novos temas. Vigorosa como o pai, frondosa como a mãe e renovadora como os filhos."
"A prosperidade é uma benção e torna o homem apto a realizar muitas coisas, pois se manifesta em todas as atividades. Em um ambiente próspero tudo floresce. Por isso, a prosperidade não pode ser estática. Para estar sempre em movimento, seu atributo é a abundância. Sua música é dinâmica e afugenta a estagnação. A melodia principal sugere a ascensão e seus ciclos. Uma leve percussão determina o compasso constante e evolutivo da harmonia."
" O sucesso é o prêmio natural dado aos que realizam. Ao contrário do que prega a cultura ocidental, a riqueza e o reconhecimento público não existem para serem usados como objeto de comparação para com os outros. Seu elemento é o fogo e seu atributo é a reflexão, recomendando-se o uso de objetos que multipliquem a luz, tais como cristais e espelhos. Para que seu caráter temporário se transforme e permaneça, o homem deve possuir modéstia e adaptabilidade. Sua música é rica e vistosa, expressa no canto melódico feminino, que "desenha" o tema, sob uma base rítmica e perseverante."
"O homem é um ser social. Inicia sua existência no seio de uma família, constrói suas amizades e parcerias, amplia sua família... nunca só. As relações espirituais também estão sempre presentes. Transformar vários em um, com uma direção comum e respeitando as características individuais de cada ser, trazem prosperidade e tornam os relacionamentos bem sucedidos. Sua música é envolvente e feminina, trazendo dois instrumentos (um casal), o piano e o violão, que apresentam a melodia principal. Por estar ligada aos relacionamentos amorosos, é sugestivamente romântica."
"A vida é um eterno fazer e refazer. A qualidade de se tornar melhor vem da capacidade de começar de novo, do mesmo ponto, se preciso. Porque o mesmo, feito novamente, já não é mais o mesmo. Agora está acrescido de experiência e sabedoria, tornando o recomeçar uma oportunidade de luz e crescimento. Sua música estimula o poder criador, nascendo de uma simples idéia melódica e aos poucos, adquirindo forma e vida própria. Está relacionada às idéias e também ao processo de geração dos filhos."
"A amizade é uma dádiva que se adquire com o tempo e com a constância. É filha direta da capacidade de doar e receber; de agradecer e doar novamente. É construída passo a passo e conhece o valor da simplicidade e do equilíbrio. Sabe olhar para dentro e para fora com igualdade. Sua música inspira a benevolência e o fortalecimento dos laços espirituais. Sob um timbre de som grave, significando solidez, a melodia se desenvolve plena e perseverante, atributo inerente às grandes e longas amizades."
PS- desconheço de onde eu xeroquei esse texto e também quem é o seu autor (aparenta ser do Deepak Chopra, mas...).