20060831

Caminhar ...

Caminhar é chorar! "Comumente é assim:/cada um ao nascer/traz sua dose de amor,/mas o emprego,/o dinheiro,/tudo isso,/nos resseca o solo do coração...". Vladimir Vladimirovitch Maiakóvski, um mestre, escreveu estes versos no início do século passado. O mestre se foi, mas os versos que dele ficaram, estão sempre vivos e vigorosos e todos os dias eles caminham comigo nessa minha andança cotidiana. E quando me dou por mim, estou lá em cima nas nuvens, devaneando, a mil quilômetros de altura.
E nessas horas, se estou a caminhar, costumo relembrar fatos, cousas ou pessoas. E tal qual nos ensinou esse mestre, cada um de nós ao nascer, não traz somente a sua dose de amor, mas acrredito que também, a sua cota de lágrimas, de tristezas e alegrias, enfim, não só de sentimentos, mas de muitas outras cousas mais. Posso até pressupor que seja isso que diferencie, dentre nós humanos, uns dos outros, fazendo com que uns sejam bons e outros sejam maus.
Por exemplo, se estou a caminhar envolto nessa estado de espírito e me lembro de meus saudosos pais e irmãos, me ponho logo a chorar! São lágrimas silenciosas, brotadas aos borbulhões, que encheriam facilmente um cálice ou mesmo uma jarra. Nessas horas tenho que me desviar dessa lembrança revivida e mudar o meu pensamento. Em outros casos não chego a chorar tanto, o que pressupõe que a cota em questão já foi ou está a ser esgotada.
Pode parecer estranho escrever isso hoje nessa minha caminhada, mas se o destino quer que assim seja, não me compete contestá-lo, e sim obedecê-lo! Assim sigo o meu caminho e quem, nessa hora, quiser me encontrar, basta rastrear na sequidão da estrada e seguir em frente onde encontrar um rasto de lágrimas!
"Óh delicados!/Vós que pousais o amor sobre ternos violinos,/ou grosseiros, que o pousais sobre os metais!/Vós outros não podeis fazer como eu,/virar-vos pelo avesso/ e ser todo lábios." "Vinde, aprendei!" Pois caminhar é...

20060830

Como dizem por aí, rir é o melhor remédio e movimenta mais de trinta músculos da face!

001 (bêbado)

Dois bêbados vêm andando de quatro no meio da linha do trem:
- Pô, esta escada não termina nunca?
- Pior é o corrimão - diz o outro - que é muito baixo!

002 (português)

Toca o telefone na sapataria do português e ele atende:
- Alô, Casa de Calçados!
- Desculpe-me - diz o seu interlocutor -, me enganei de número.
- Não tem problema - retruca o português -, traz aqui que eu troco.

003 (corno)

O marido chega mais cedo em casa e pega a sua mulher com outro homem na sua cama. Mais do que depressa ele pega o seu revólver no criado-mudo (porque todo corno sempre tem um revólver no criado mudo!) e se prepara para atirar no “Ricardão”. Desesperadamente sua esposa o interrompe:
- Pára, pára, não faça isso, por favor!!!
O marido traido pára, mas grita furioso:
- Me dê uma só razão para eu não acabar com esse sujeito!?
No que ela responde:
- É que “esse sujeito” é o pai dos seus filhos!

005 (cornos)

O detetive presta conta à sua cliente:
- Ontem eu segui o seu marido e ele foi primeiro a um restaurante, depois entrou numa loja, passou num salão de beleza, depois foi a um Shopping, em seguida foi numa Casa de Chá, depois numa Casa de Jogo de Bingo, foi em uma boate e em seguida para um motel...
- Mas que cafajeste! - protesta a mulher.
- Eu mato esse desgraçado! Me diga em detalhes o que ele fez em cada um desses lugares...
- Bem... não fez nada! Acho que só estava seguindo a senhora!

006 (nordestino)

Recém chegados à São Paulo, dois nordestinos passeiam pelo centro, quando vêem a polícia dando o maior cacete em um sujeito. Curiosos, eles param uma pessoa e lhe perguntam:
- Por que é que estão batendo tanto nesse coitado?
- É que ele estava cheirando “farinha”!
Apavorado, um deles virou-se para o outro e comentou:
- Tá vendo compadre, se eles fazem isso com os coitados que cheiram farinha, imagine o que eles vão fazer se descobrirem que a gente a come!?

007 (descoberta literal)

A adolescente chega toda eufórica, gritando para sua mãe:
- Manhê, tá lembrada que a senhora me disse que homem a gente agarra pelo estômago?
- Claro que sim, filha!
- Pois então, hoje eu descobri um jeito muito melhor!

008 (sogra)

A mulher comenta com o seu marido:
- Querido, hoje o relógio caiu da parede da sala e por pouco não bateu na cabeça da mamãe...
- Maldito relógio - respondeu ele -, sempre atrasado...
009 (conte a sua!) ...

20060829

"Sobre a expansão do silêncio"

“O silêncio estava em toda parte; impressionante quietude em que a imobilidade dos montes envolvia também as árvores e os rios, cujos leitos haviam secado; os pássaros dormiam em seus abrigos e até mesmo os cães da aldeia tinham silenciado. Após a chuva, as nuvens pairavam imóveis no Céu. Na amplidão do silêncio que se tornava cada vez mais vasto e profundo, a realidade do mundo exterior confundia-se com o Universo Interior. Tendo percebido o silêncio dos montes, dos campos e dos bosques, o cérebro aquietara-se. Por haver perscrutado atentamente seu interior, era natural e espontânea esta sua quietude. Ainda que estivesse sempre pronto a investigar profundamente tudo o que existisse, ele não havia abandonado os seus mais íntimos recantos. Como o pássaro que encolhe as asas em seu vôo, o cérebro fechou-se sobre si mesmo, sem demonstrar sono ou letargia, e, ao fazê-lo, transcendia seus próprios limites. De caráter essencialmente superficial, as atividades do cérebro são destituídas de profundeza, sendo quase sempre mecânico; suas ações e reações visam a resultados imediatos. Seus pensamentos e sentimentos não vão além da superfície, ainda que se estendam ao passado e ao futuro. A experiência e a memória têm a medida exata de seu estreito limite, mas, ao debruçar-se sobre si mesmo, o cérebro não mais buscava experimentar no nível interior ou exterior. A consciência, formada por fragmentos de todas as experiências, compulsões, medos, esperanças e desesperos, tanto do passado como do futuro, dos conflitos sociais, morais e raciais, e de suas atividades egocêntricas, estava ausente. Assim, absolutamente tranqüilo, aquele ser pôde alcançar uma profundidade inacessível ao pensamento, ao sentimento e à consciência, e, incapaz de penetrar na esfera do desconhecido, o cérebro, perante aquela imensidão, era destituído de observador. Apesar de imóvel, cada partícula do ser estava alerta e sensível a tudo aquilo que estava ao seu redor e, em ondas de contínua expansão, esta incrível profundidade transcendia o tempo e o espaço.”

Este texto de Krishnamurti é mesmo muito lindo, pois ele é poético, místico e filosófico. Quem o ler e não entender – comigo foi igual -, não se preocupe, pois há tempo – muito tempo ainda! – para isso acontecer!

20060828

"Luz"

Rabindranath Tagore (*)


Luz, minha luz!
Luz que enches o mundo,
Luz, beijo dos olhos,
Luz, doçura do coração,
Luz!


(*) Maior poeta, escritor e dramaturgo indiano, Prêmio Nobel de 1913.

20060824

Sobre a "Configuração QWERTY"

QWERTYUIOP! Por acaso você reconhece esta estranha palavra? De antemão já afirmo que não se trata de nenhuma relíquia histórica, geográfica ou arqueológica, das antigas civilizações Inca, Maia ou Asteca. Porém, sem qualquer sombra de dúvida, saliento que todos nós, artífices no manuseio das letras e palavras, literárias ou não, informatizadas ou mecânicas, já a lemos e a escrevemos inúmeras vezes, pois esse pequeno grupo de letras (QWERTYUIOP) é a linha de cima dos teclados da máquina de escrever e do computador.
Sua história é fascinante. Hei-la então: Por volta de 1870, Sholes & Co, principal fabricante de máquinas de escrever da época, recebia muitas reclamações de seus clientes e usuários. A queixa era de que os “tipos” da máquina ficavam colados uns aos outros se o datilógrafo fosse rápido demais. Em resposta à esse emergente problema, uma vez que este novo equipamento se tornava cada vez mais popular, a direção da empresa pediu aos seus engenheiros que descobrissem um modo de evitar que aquilo continuasse a acontecer. Eles discutiram largamente o problema até que um deles disse: “E se reduzíssemos a velocidade do datilógrafo? Se fizermos isso, os tipos não irão ficar mais bloqueados tantas vezes?”. No que outro engenheiro retrucou: “Mas como vamos retardar o datilógrafo?”. A solução encontrada por eles foi fazer um teclado com uma configuração ineficiente. Por exemplo: o “o” e o “a” estão, respectivamente, em terceiro e sexto lugares entre as letras mais usadas no alfabeto inglês. Os engenheiros, porém, posicionaram estas duas letras de tal forma que teriam que ser batidas pelos dedos anular e mínimo, dedos relativamente fracos. Essa lógica foi estendida a todo o teclado. Essa foi uma idéia brilhante, que, de imediato, resolveu esse problema.
Desde essa época em que esta solução foi adotada, a tecnologia das máquinas de escrever e das demais processadoras de texto (inclusive o nosso já famoso teclado do computador) avançou extraordinariamente. Na atualidade existem máquinas de escrever, assim como já o são os teclados de computador, que se utilizam da digitação eletrônica e que, por sua vez, podem trabalhar muitíssimo mais depressa do que qualquer operador humano possa datilografar ou digitar. Mas, paradoxalmente, o problema agora já é outro, pois a “Configuração QWERTY” continua a ser usada como norma padrão, embora seja possível fazer configurações muitíssimo mais rápidas.
Portanto, a moral desta história é a seguinte: Quando uma norma se estabelece e se consolida firmemente, fica muito difícil eliminá-la, mesmo que o motivo inicial dela ter sido adotada já tenha desaparecido. Assim, o pensamento criativo não é só construtivo. Ele pode ser destrutivo também. Freqüentemente é preciso quebrar um padrão para se descobrir outro. Por isso, lembre-se sempre: seja receptivo à mudança e flexível diante das normas. Violar as normas não nos leva, necessariamente, à idéias criativas, mas isso nos leva à novos caminhos, já que, ficar sempre no mesmo trilho pode, eventualmente, nos levar a um beco sem saída. Infelizmente muitas normas e regras têm vida mais longa do que a finalidade para a qual elas foram criadas.
Pense nisso!
Fonte: Roger Von Oech - “Um Toc na Cuca” (Técnicas para quem quer ter mais criatividade na vida - Ed. Cultura).

20060823

Sobre a farinha do maracujá

Essa farinha me interessa. E explico porque: de uns tempos prá cá diversas pessoas têm me alertado dos “milagres” que está causando, no controle da diabete, a farinha de maracujá. E me interessa mais ainda porque a minha ascendência familiar (pais e avós) foi afetada por essa doença que, segundo alguns entendidos, será “o mal do século”. Por ser a fonte de origem dos mais variados desequilíbrios orgânicos, a diabete nos causa também os mais variados sintomas, diagnósticos e doenças, se ela não for preventivamente diagnosticada, adequadamente tratada e periodicamente monitorada.
Está oficialmente confirmada cientificamente que a farinha da casca do maracujá reduz a taxa de glicose no sangue. Em Ciência Hoje de uns tempos atrás foi publicado o texto “Maracujá para diabéticos”, que diz o seguinte: “O estudo da casca do maracujá, coordenado pelo químico industrial Armando Sabaa Srur e desenvolvido pela nutricionista Solange Miranda Junqueira, descobriu o conteúdo do organomineral da casca dessa fruta e constatou que ela possui alto teor de pectina, um tipo de fibra solúvel (totalmente degradável no organismo), que ajuda a diminuir a taxa de glicose e de colesterol no sangue. Estes pesquisadores desenvolveram ainda uma farinha de casca de maracujá que, ao ser misturada em ração para ratos diabéticos, diminuiu em 22% a taxa de glicemia (glicose no sangue) destes animais.” E continua: “Como não vimos efeitos colaterais nos animais, sugerimos que humanos diabéticos também consumissem a farinha, e o resultado observado foi o mesmo.” Entretanto, Sabaa faz uma advertência: “É importante controlar o consumo da farinha, pois, embora ajude a reduzir a glicemia, ela não é remédio e, se consumida excessivamente, também poderá causar hipoglicemia (baixo teor de glicose no sangue)”, e, para que isso não ocorra ele sugere o monitoramento glicêmico do sangue por parte do diabético que fizer uso dessa farinha.
Esta farinha já está sendo comercializada no mercado de fitoterápicos justamente devido ao sucesso dessa pesquisa. E a ótima notícia que tenho para os diabéticos e demais curiosos que lerem este meu texto é a receita dessa farinha. Simples e fácil: escolha bem os maracujás; corte-os ao meio; retire a polpa e aquela pelinha que a envolve; corte as cascas em pedaços menores e deixe desidratar por um dia ou mais até que ela fique ressequida, entretanto, sem embolorar; após, leve ao forno (70º) até ficarem crocantes; bata aos poucos no liquidificador até o ponto de farinha. O pesquisador sugere que os diabéticos utilizem duas a três colheres dessa farinha a cada refeição principal, de acordo com a taxa de glicemia apresentada pelo freguês.
Minha lógica matemática deduz portanto que se tirarmos aquela casquinha amarela e a película interna da casca dessa fruta e batermos com o seu suco provavelmente obteremos o mesmo efeito, sem ter esse trabalhão todo. Estarei certo ou não? De quebra vou dar outra receita de comprovada eficiência popular: retalhe um bom pedaço de gengibre e caramelize com açúcar mascavo, junte a polpa do maracujá cujas cascas virou ou não farinha e acrescente um pouco de água. Ferva bem em fogo baixo até o ponto de xarope. Coe, esfrie e coloque em frasco de vidro. Tome diariamente uma, duas ou mais colheres de sopa, à noite. Tira a dor do corpo (fadiga e estafa), faz dormir e traz lindos sonhos. Dica de “Meditando na Cozinha” (CorreCotia), crônicas e receitas da Sonia Hirsch, livro que recomendo para quem quiser saber-bem-mais sobre holismo e alimentação natural.

20060822

Sobre o Amor

A reflexão de hoje é sobre o AMOR. Trata-se de um trecho da epístola de Paulo aos Coríntios, abordada por Henry Drummond em seu clássico da busca espiritual “O Dom Supremo” (tradução e adaptação de Paulo Coelho, do sermão “A coisa mais importante do mundo”):

“Ainda que eu falasse todas as línguas dos homens e mesmo a língua dos anjos, se não tivesse AMOR eu não seria senão como um bronze sonante e um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom da profecia, penetrasse todos os mistérios e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse ainda toda a fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse AMOR, eu nada seria. E quando tivesse distribuido meus bens para alimentar os pobres e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não tivesse AMOR, tudo isso não me serviria de nada.”

“O AMOR é paciente; é doce, benfazejo; o AMOR não é invejoso; não é temerário e precipitado; não se enche de orgulho; não é desdenhoso, não procura seus próprios interesses, não melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a FÉ, a ESPERANÇA e o AMOR permanecem; mas entre elas, a mais excelente é o AMOR.”

“O AMOR nunca falha, e a vida não falhará enquanto houver AMOR. Seja qual for sua crença, ou sua Fé, busque primeiro o AMOR. Ele está aqui, existindo agora, neste momento. O pior destino que um homem pode ter é viver e morrer sozinho, sem AMAR e ser AMADO. O poder da vontade não transforma o homem. O tempo não transforma o homem. O AMOR transforma.”

AMOR, Centelha Divina que em nós habita, O Dom Supremo!


20060817

O menino Thiaguinho

O menino Thiaguinho
É menino, não é boy!
Dorme sempre agarradinho
Ao seu lindo cachorrinho,
Que se chama Parmolói!

O menino Thiaguinho
Gosta muito de poesia,
De poemas ritmados,
Com versinhos bem rimados:
“Boi com foi e vaca com faca!


O menino Thiaguinho
Nessa sua intransigência,
Gosta ele muito mais,
Dos versinhos rimadinhos
De Vinícius de Moraes!




(Poema em homenagem ao Bobby Filho,
e quiçá inspirados em Maiakóvsksi,
em “Versos para as crianças”).

Hãn, Hãn-hãn e Etecéteras...

O “hãn-hãn” é moda corrente, principalmente entre as mulheres e os adolescentes. Mas com os homens adultos essa história é bem diferente, pois o que predomina mesmo em nós é o “hãn” e o “hun-hun”.
- Querido, vamos “passear” no Shopping?
- Hãn?
- Passear no Shopping!
- Hun-hun!
Isso traz vantagens financeiras para o bolso e para o lar, mas, por outro lado, também proporciona ao marido um grande “atraso” no recebimento de certos benefícios, que poderão durar dias e mais dias, ou mesmo semanas (e isso os homens sabem muito bem do que estou falando ...).
- Benzinho, amorzinho, queridinha do papai, que tal um carinhosinho bem gostosinho aqui debaixo do ededron?
- ... (ignorando)
- AH É! – o “Ah é” também faz parte dessa família.
O Bobby, meu Filho, têm 15 anos, e além de seu impagável desempenho acadêmico, que está bem acima de todas as nossas expectativas, também, de longa data, é um fervoroso adepto destes novos termos de nossa linguagem moderna.
Sempre que lhe pergunto coisas de seu cotidiano ele costuma respondê-las com o freqüente uso destas figuras, prática esta que já é corriqueira no dia-a-dia das pessoas. Em minha casa quem cozinha sou eu, e, por isso, também tenho a vaidade de procurar sempre averiguar a qualidade de meus pratos.
- Bobby Filho!
- Hãn?
- Gostou da salada de jiló?
- Hun-hun!
- E da de quiabo, que puxei na manteiga?
- Hãn-hãn!
O curioso é que ele gosta de quiabo, mas não gosta de jiló (e, por tabela, nem mesmo de berinjela!).
- Bobby Filho!
- Hãn?
- Berinjela é “g” ou com “j”?
- Ah, pai, você já sabe! – O “Ah”, irmão do “Ah é” também é da família.
- .... (pensando)
- E caldo frio de tomate, cenoura, pepino, cebola, pimentão, cheiro verde, manjericão, batidos no liquidificador com um pouco de água, e temperados com sal, pimenta, azeite, limão ou aceto balsâmico, o que é então?
- Pai, isso não é gaspacho!?
- É! – o “É” é da família dos pais.
- ... (encurralado...por favor ignorem a cacofonia...)
- Ê aí, Bobby Filho, você gosta de gaspacho? (o “Ê aí”, ah, e também este..., deixa pra lá que isso já está me enchendo o s...)
- Hãn-hãn!
- E você gosta mais de gaspacho ou do purê de tomates que seu pai faz?
- Do purê, obviamente!
- Ãhnnnn... – Este “Ãhn” centopéico é sinal de reflexão e não de espanto, pois este Bobby Pai sempre sabe do que Bobby Filho gosta mais de comer, ri-ri-ri...
Moral da história: eu descobri que para tirar o Bobby Filho dessa sua indiferente linguagem moderna, tenho apenas que lhe fazer perguntas interativas e esperar o feed-back, senão eu danço!
É isso aí, moçada, vivendo e aprendendo...

20060815

PAZ E BEM !

São Francisco de Assis é provavelmente uma das figuras que melhor encarnou e concretizou os valores essenciais da espiritualidade e da realização humana. Justamente por isso São Francisco tornou-se um símbolo de paz. Paz nas atitudes, nas ações e na tradição que nos deixou. Neste início de terceiro milênio, assim como no passado, a violenta turbulência do cotidiano e a consciência dolorosa das diferenças sociais, que colocam lado a lado a riqueza e a miséria, impedem a felicidade e a realização plena do ser humano.

A falta de diálogo se manifesta de várias formas e os gestos de solidariedade e doação se fazem raros. A guerra se instala em todos os níveis, multiplicando vítimas. Neste contexto, a Oração de São Francisco adquire uma dimensão fundamental. À força de ser insistentemente repetida e cantada, talvez tenha amenizado o impacto de cada uma de suas frases e, assim, se perdido o sentido intenso de denúncia e apelo veemente que ela contém.

O livro A Oração de São Francisco – Uma mensagem de paz para o mundo atual (Sextante), do Leonardo Boff, nos devolve o poder dessa Oração. Ele nos conta inicialmente de sua origem e define a paz a que ela se refere, descrevendo as causas que atentam contra ela e a maneira de ser um autêntico instrumento de paz. Cada frase é objeto de uma reflexão que nos fornece elementos para aprofundar a compreensão dos conceitos ali contidos.

A eles acrescentam-se fatos que nos ajudam a constatar a convivência, dentro de nós, de sentimentos opostos e suas manifestações concretas, tanto nas relações interpessoais quanto no mundo. Amor, perdão, união, fé, esperança, o valor contido em cada frase se transforma em pedido, sob forma de oração, ao final dos capítulos.

Pedi e Recebereis, diz o Evangelho, e mesmo para aqueles que ainda não têm definição religiosa, mas que acreditam numa grande energia que comanda o Universo, é clara a necessidade e a eficácia de explicar seu desejo em forma de apelo. Sobretudo se este vem carregado do espírito que fez de São Francisco um símbolo dos sonhos de felicidade e realização acalentados no fundo do coração de todos os seres humanos.

20060814

B+

Este é o meu tipo de sangue. Ontem, na Seção das Dez, do SBT, passou um filme com D. Washington, Um homem de coragem. Ele me impressionou bastante porque o roteiro do filme me lembrou muito como faleceu meu irmão mais velho (Antonio Rosa de Oliveira Filho), em 13/12/2003, no Incor, em São Paulo, aos 52 anos de idade, após ter passado por uma restituição ventricular de um lado de seu coração que estava três vezes maior que o outro, operação feita no HCor, também de São Paulo, três semanas antes. A sua remoção para o Incor, devido ao seu plano de saúde (Bradesco) não cobrir um marcapasso duplo (que custa em torno de R$ 50.00) ocorreu justamente para isso (colocá-lo no Incor, pelo SUS). Só que neste último Hospital não havia um marcapasso duplo provisório para substituir o que ele vinha usando desde que fez a cirurgia. O que estava com ele foi removido para ser devolvido ao HCor, e no Incor ele ficaria monitorado com marcapasso simples até o dia da implantação do definitivo que ocorreria dois dias depois. Eu o acompanhei na ambulância UTI de um hospital para o outro, uns poucos quilômetros, e os demais seguiram de carro. Deu entrada no Incor às 16h00 e faleceu por volta das 19h00, vitimado por um ataque fulminante (fibrilição?). Nem bem havíamos retornado a Rio Claro e recebemos essa triste e chocante notícia. De imediato retornamos novamente para ouvir explicações que não conseguíamos entender. Teria sido a falta do marcapasso duplo por poucas horas que teria provocado sua morte ou não? Os de branco disseram enfaticamente que não, mas até hoje essa dúvida me acompanha. Como poder um hospital desse porte não ter naquela hora o marcapasso apropriado para ser usado até a colocação do definitivo que já estava a caminho, para ser colocado dois dias depois. Diz o livro do destino que, o que há de acontecer, acontecerá, a seu devido tempo. Faço crer que então tenha sido isso que o vitimou.
Agora, no filme de ontem ocorre uma situação semelhante. Quem já assistiu esse filme há de lembrar. O curioso nessa história é que os dois personagens do filme (pai e filho) tinham sangue B+ e o pai se propôs a se matar para doar seu coração ao seu filho, o que só não aconteceu porque também aí o destino interferiu mandando um coração compatível, de uma doadora falecida em acidente de automóvel. Mas se esse pai não faz o estardalhaço que fez, com certeza, seu filho teria morrido. Enredos de filmes, textos de livros, histórias verídicas ou não, cada qual tem sua versão. Então fico aqui pensando com os meus botões: qual teria sido a verdadeira história da morte deste meu irmão.
Águas passadas não movem moinhos, mas é defícil deletar de nossas memórias estes fatos em questão. Nestas circunstâncuas só o tempo pode apaziguar o nosso coração. Porém, neste meu caso, tal chance não foi possível à minha mãe. Desolada, desconsolada, em vida dois filhos perdidos, por último este meu outro irmão, perdida ficou sua motivação... faleceu pouco tempo depois (09/02/2004), aos 72 anos. Hoje eu sou o mais velho e de resto ficou o caçula (Arnaldo), hoje com 34 anos.
Paro poraqui, é muito doída esta minha recordação. O filme, o sangue (B+), efêmera é a vida, vivê-la eternamente no plano físico dura apenas o tempo de uma respiração! Este é o meu consolo...

20060811

Sobre a Doutrina de Deepak Chopra

Em sua obra literária, palestras públicas e centros de terapia e vivência, o Dr. Chopra prega, através da Medicina Ayurvédica, da Meditação e do Yoga, que façamos uma mudança radical em nossas vidas, em nossos velhos e enraizados hábitos e valores, fruto do também velho mecanicismo ocidental, por novos e revolucionários conceitos baseados na Ayurvédica, uma ciência de vida baseada no yoga, pranayama e meditação, que foi resgatada para o mundo atual no início da década de oitenta pelo Maharishi Mahesh Yogi, o também criador da técnica da Meditação Transcendental.
Sua origem está traçada nos quatro livros sânscritos chamados Vedas, as mais antigas e importantes escrituras da Índia. A teoria básica do Ayurveda declara que as funções do corpo são reguladas por três princípios chamados doshas, cujos nomes em sânscrito são vata, pitta e kapha, que caracterizam os nossos traços corporais. Também define que cada planta ou substância vibra numa mesma combinação e freqüência de nosso corpo mecânico quântico. Assim, todos os nossos órgãos corporais (fígado, estômago, coração, cérebro, etc...) possuiriam essa mesma específica seqüência de vibrações no nível quântico e, uma disfunção orgânica de qualquer espécie, segundo a Ayurvédica, representaria, portanto, que estaria ocorrendo nestes órgãos alguma anormalidade ou ruptura dessa seqüência de vibrações e sua correção seria restaurada pelo uso destas mesmas plantas ou substâncias de mesma freqüência e vibração correspondente. Conseqüentemente, quando os nossos doshas estão em equilíbrio e em conexão com as forças da natureza, isto sinaliza que estaremos gozando de plena saúde.
Também por influência do Maharishi, Deepak Chopra conheceu a Meditação Transcendental. Para ele, hoje em dia, no mundo ocidental, a meditação é vista como uma técnica de controle do estresse e de relaxamento, quando, na realidade o seu verdadeiro propósito é espiritual, ou seja, uma forma de alcançar a iluminação, onde, de todas as experiências que poderemos ter, a experiência do eu interior é a mais importante. O corpo é a experiência objetiva de nossas idéias, enquanto a mente é a sua experiência subjetiva. O cortpo está em constante transformação e a mente, com seus pensamentos, sentimentos e desejos, também vem e vai. Ambos são experiências ligadas ao tempo e ao espaço, mas não são o experimentador, que é aquele que está tendo a experiência, ou seja, o verdadeiro você, aquela parte de seu ser que sente por trás do sentimento, que pensa os pensamentos e que anima o nosso corpo e nossa mente. É a alma, que se expressa por meio da mente e do corpo, mas quando o corpo e o cérebro são destruídos, nada acontece ao verdadeiro você. O espiírito incondicional não é energia ou matéria, ele se situa nos espaços silenciosos entre os nossos pensamentos e esse “intervalo” é a janela para o eu superior e cósmico. Esse espaço entre os pensamentos é silencioso, profundo, repleto de infinitas possibilidades, um campo de potencialidade pura. Ele é o nosso verdadeiro eu.
Para Chopra nossa existência possui três níveis: (1) O corpo físico, composto de matéria e energia; (2) O corpo sutil, que compreende a mente, o intelecto e o ego; e (3) O corpo causal, que contém a alma e o espírito. A prática da meditação tira nossa percepção do estado perturbado de consciência da mente e do mundo dos objetos físicos e a conduz ao estado sereno de consciência da esfera da alma e do espírito. Pela prática regular da meditação obtemos acesso ao depósito infinito de conhecimento e temos a experiência de quem realmente somos.
Existem muitas formas de meditação. Chopra recomenda aquelas mais avançadas que envolvem o uso de mantras, que são os sons primordiais, os sons básicos da natureza, que atuam como instrumento da mente. Os mantras são um veículo para tirar a nossa consciência do nível de atividade e conduzi-la ao silêncio. Entretanto, meditações menos específicas, porém eficazes, também estão disponíveis em seu centro de terapia ayurvédica e, uma delas é a Meditação da Mente Alerta (*).
(*) Próximo post.

Fonte: Deepak Chopra - O Caminho da Cura - Despertando a Sabedoria Interior (Rocco);

"Amo"

Wladimir Wladimirovith Maiakóvski


Comumente é assim: Cada um ao nascer traz a sua dose de amor, mas os empregos, o dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do coração...

Garoto: Fui agraciado com o amor sem limites...

Adolescente: A juventude tem mil ocupações...

Minha universidade: Os historiadores levantam a angustiante questão: era ou não roxa a barba de Barba Roxa? Que me importa, não costumo remexer o pó dessas velharias!... Uma vez instruídos , há os que se propõem a agradar as damas fazendo soar no crânio sua poucas idéias, como pobres moedas numa caixa de pau... Os adultos fazem negócios... Eu encho-me dum leite de versos e, sem poder transbordar, encho-me mais e mais ...

Tu: Entraste, a sério, olhaste, a estatura, o bramido e simplesmente adivinhaste: uma criança! Tomaste, arrancaste-me o coração e foste com ele jogar, como uma menina com a sua bola... Em ti depositei meu amor, tesouro encerrado em caixa de ferro e ando por aí como um Creso contente... As esquadras acodem ao porto. O trem corre para as estações. Eu, mais depressa ainda, vou a ti, atraído, arrebatado, pois que te amo... Assim, eu, em tua direção sempre me inclino, apenas nos separamos, mal acabamos de nos ver...

Dedução: Não acabarão com amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado. Aqui levanto solene a minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: amo, firme, fiel e verdadeiramente!


Fonte: Antologia Poética de Maikóvski

20060808

Vale a pena conferir!

De Encontro com o Amor, um filme de Brad Mirman. Na capa está escrito: Em busca de inspiração ele encontrou o verdadeiro amor. Eu faria uma abordagem diferente, tipo assim: quando o discípulo está pronto o Mestre aparece; o que é o mesmo que: quando o amor está no ponto ele acontece - e daí dizem que foi amor à primeira vista, ao primeiro beijo, à primeira ... ah, vocês sabem...;
A sinopse: "O consagrado escritor Weldon Parish (Harvey Keitel) está desesperado. Depois de enfrentar um grave bloqueio criativo após a perda da esposa, ele se esconde de tudo e de todos para tentar fugir da pressão, e ter assim mais tranqüilidade para criar, mas com isso cai num ostracismo que já dura 20 anos, sem escrever.
Porém, o jovem aspirante a autor literário Jeremy Taylor (Joshua Jacksom) está disposto a tudo para conhecer seu ídolo e fazê-lo mudar de idéia. E sai de Londres ao encalço de Weldon, até finalmente encontrá-lo no interior da Itália.
Aos poucos, Jeremy conquista a confiança de seu mentor, que lhe ensina os mistérios da arte da escrita e os caminhos para desenvolver seu talento. É neste ambiente acolhedor e romântico que o rapaz acaba conhecendo a encantadora Isabella (Claire Forlani), que lhe mostra que nada é mais inspirador do que um amor verdadeiro. Mas Isabella é ninguém mais nada menos que a filha de Weldon..."
Quem escreveu essa sinopse precisaria ter umas lições do escritor personalizado no filme, pois eu a escreveria diferente. Ela foge um pouco dos passos do roteiro do filme. Ela ficaria melhor assim, mesmo sem revelar toda a sua história. Enfim foi Sônia quem pegou no domingo, junto com Munique, do Spilberg, que assistimos nesse dia. Este outro ia sendo devolvido à locadora sem ter sido assistido, mas S. comentou isso ao devolvê-lo e a moça de lá gentilmente lhe cedeu uma diária grátis (e, com certeza hoje, ao devolvê-lo em definitivo, acabe pegando "outros"; esta é lógica psicológica imbutida na diária grátis). Isso foi gratificante para mim que adorei o segundo (que faz meu gosto de filme) e achei o primeiro um tanto longo e sem sabor, pois não sou chegado à violências de qualquer espécie.
De Encontro com o Amor, me lembrou O Carteiro e o Poeta, só que este segundo se trata de uma história verídica (do grande Neruda), embora um tanto política, enquanto o outro aborda um ponto importante na vida de escritores assumidos (e lidos!) e agrega nele o ingrediente essencial de inserir junto uma história romântica, onde desabrocha o amor, inclusive com suspense no final! É isso aí moçada, eu recomendo....

20060804

Sobre o seu poder de observação

Nem sempre nos fixamos naquilo que vemos. O cérebro, a memória e a mente têm capacidades ilimitadas, mas para tanto precisamos ter um cérebro saudável, uma mente consciente e uma memória constantemente exercitada. O aprendizado possui dois aspectos: acúmulo de informações e sua armazenagem eficaz na memória que é parte inerente do cérebro; e o uso dessas informações em reação a algum estímulo despertado ou recebido (interna ou externamente). Desse processo interativo resulta nossa inteligência e criatividade. E isso não tem idade, desde que estes pré-requisitados estejam em nós preenchidos. Ensinar truques novos a um cachorro velho auxilia e aguça o funcionamento mental (a recíproca também é verdadeira!). Sem estímulo e motivação a cognição fica seriamente prejudicada. Isso pode até encurtar sua vida. Então o que fazer para apurar o aprendizado, a memória e a cognição?

Podemos primeiro considerar a relação que existe entre concentração, atenção, agilidade mental, memória e organização. A concentração, por definição, significa induzir os esforços, as faculdades de um indivíduo a recair sobre algo. Quando você presta atenção, está atento ou cauteloso. Quando alerta, está vigilante e pronto para a ação. E quando organiza, arruma as coisas de maneira sistemática. Empregam-se todos esses elementos para registrar e evocar memórias. Há muito a aprender sobre o armazenamento e a recuperação da memória. As pesquisas demonstram que exercitá-la tem se comprovado um método eficaz para fortalecer esse sistema maravilhoso que utilizamos para lembrar.

Para praticar seu poder de observação vejamos agora quanto você vê sem perceber? Há muitas coisas corriqueiras de nosso cotidiano que não registramos de fato na mente, ou, se o fazemos, não conseguimos nos lembrar. Um exemplo: as diversas versões que as testemunhas oculares apresentam quando ocorre um acidente. Que tal agora pôr a mão na massa e responder mentalmente o seguinte teste:

1- Num Caducéu de Mercúrio, o bastão carregado pelo deus Hermes e utilizado no emblema da profissão médica, quantas cobras há na sua haste, abaixo das asas? 2- Num mapa-múndi horizontal, que continentes ficam à esquerda e à direita da América do Sul? 3- De quem é a imagem da nota de um real e o que existe no verso (e na rúpia indiana?.. ri-ri-ri...)? 4- A luz verde fica em cima ou embaixo no semáforo? 5- As cores das bandeiras italiana e irlandesa são verde, vermelha e branca. Em que ordem elas aparecem, da esquerda para a direita? 6- De que lado fica a noiva no altar (essa até pingüim sabe!)? 7- Qual é o primeiro e o último número num termômetro médico? 8- Quantas unhas há na pata de um cachorro? 9- O que está escrito em verde e amarelo na bandeira do Brasil? 10- De quebra, para aguçar ainda mais a sua inteligência, qual o homem mais mentiroso do Brasil (nessa se permite consultar o google!)?

Para continuar a exercitar esse seu poder, observe coisas comuns em seu meio ambiente e elabore seus próprios enigmas para a família, os amigos, os colegas de trabalho e faça essa gente toda exercitar seus neurônios! Aconselho manter a disciplina e não fornecer gabaritos. É divertido e aumentará a capacidade de coletar informações úteis do mundo à sua volta e que passam despercebidas. Carpe diem...

Fonte: Arthur e Ruth Winter, Como desenvolver o poder da mente; Dharma Singh Khalsa, Longevidade do Cérebro.

20060802

Sonhos

Não sei se sonho, mas sonhando ou não lembrando, vivo muito em devaneios...

Engraçado que ontem a noite, certamente depois das 03h45 - apesar do frio, acordei para tirar água do joelho... - eu sonhei. Me lembrei disso porque hoje de manhã, após levar o Bobby à escola, eu fui ao urologista. Depois daquele curso que fiz no final de semana, quando fiquei dois dias sentado quatro horas pela manhã e cinco à tarde, e mais as sete horas que foram acrescidas à noite, deitado em cama dura..., meu rin não agüentou e pediu água. Algum cálculo incrustado, sossegado, com certeza acordou e também despertou aquela dor e queimação que muitos já conhecem! Então, marquei e fui, logo as 07h30. Ele me pediu exame de sangue, urina e raio-X. Fui fazer em seguida. Quando estava coletando a amostra da urina me lembrei do sonho. Era algo sobre eu ter ido com um médico à paisana especialista naqueles sintomas que estava tendo, num fuscão, à um outro lugar onde eu faria um exame para identificar e resolver o problema. O outro "profissional" me pareceu muito estranho. Era baixinho, gordo e barba por fazer. Em volta haviam algumas pessoas praticando terapia. Havia um mulher no meio de um tubo de água que girava em volta dela. Ela parecia estar contente com aquilo tudo. Ele conversou comigo sobre algumas coisas, disse que já sabia o que eu tinha. Só iria comprovar fazendo um exame clínico com algo que ele coletou ou percebeu em mim. Não identifiquei direito pois justamente nessa hora, justamente quando iria resolver o meu martírio, uma sirene tocou forte. TUIM-TUIM-TUIM...; Acordei, olhei no visor do rádio-relógio: 06h00; hora de levantar, tomar banho apesar do frio; preparar o lanche do Bobby; acordá-lo de cinco em cinco minutos; idem para ele sair do banheiro; e depois ir. Amanhã cedo eu vou repetir a dose com o Bobby Filho, depois pegar os resultados dos exames e retornar no uro. Espero que seja cálculo mesmo, pois já conheço o tratamento. Se não der nada acho que vou ter que sonhar novamente e voltar lá naquela clínica estranha para continuar aquele exame. De uma forma ou de outra anseio me curar, mas uma coisa me intriga: será que irei lembrar?
Hoje de manhã, depois que fiz isso tudo, voltei para casa, deixei o carro para minha esposa e fui pegar o circular até o centro da cidade. Fiz isso mais aquilo, aqui e acolá; e como sou "rato de sebo", depois eu passei por lá. Comprei por R$ 8,00 um livro semi-novo, cuja edição teve apenas 1500 exemplares. Seu título: Loucura e Transcendência - Da ignorância à Luz, da Vera Péres (Massao Ohno Editor, São Paulo). Neste exato momento abri ao acaso, quase em seu final (páginas 124/127) e na 127 estou lendo agora uma citação de Medard Boss, Na noite passada eu sonhei.
Assim diz esse trecho: Chung Tsé escreveu: "Eu, Chuang Tsé, certa vez sonhei que era uma borboleta, voando de um lado para o outro com os objetivos e motivações de uma borboleta. Eu só sabia que, como uma borboleta, estava seguindo os meus destinos de borboleta; não havia consciência de minha natureza humana. De repente acordei, e ali estava eu, 'eu mesmo' outra vez. Agora me resta a dúvida; era eu um homem que sonhou ser borboleta, ou sou agora uma borboleta que é homem?".
Agora também pude perceber que a autora remete esses ensinamentos e citações acima aos textos de Léo Matos, que quando ler o livro por inteiro vou descobrir quem é (deve ser alguém famoso, pois é citado na Bibliografia como autor de várias obras em Psicologia Tibetana Budista e Psicologia Transpessoal). Minha intuição me diz que fiz uma boa compra. Agora só falta degustar esse queijo!
O rato é um bicho asqueroso, perigoso, nocivo! A borboleta é como uma flor multicolorida que voa. Será que alguém se lembra dela quando é também asquerosa, como lagarta?...; meu saudoso pai nem passava em baixo de pé-de-bacaúva por ter medo de mandorová...; folha de palmeira é "batata", não tem ninho de barata, mas tem ninho de lagarta(!); rato ele exterminava a pau, mas de lagarta ele passava longe...; acho que mesmo sem saber ele tinha inata a sabedoria da metamorfose desse bicho (transformação do feio em lindo!...).
Pronto, fechei o livro. Sua capa foi muito bem produzida. Papel de ótima qualidade, e igual encadernação. Conteúdo que nem se fala. Só eu, agora, estou no angustiante dilema: vou ou não voltar àquele meu sonho? E se voltar, irei me lembrar? Agora mesmo vou separar uma caneta e caderneta, pois meu criado é mudo!...

20060801

Sobre a auto-aceitação

A auto-aceitação é um passo importante na vida de cada um. Pelo menos eu penso assim. E aproveito para compartilhar abaixo um importante trecho de um livro de Edoardo Giusti, renomado psicólogo italiano especializado em gestalt-terapia, cujo texto diz:

Quando o indivíduo consegue viver com serenidade no presente significa que o exame de sua vida começou a dar frutos e, nesse momento, lhe é possível cortar os vínculos negativos que costumam nos empurrar para trás e que também nos fazem sentir medo do futuro.

Nossa vida cotidiana têm muitas exigências que pedem para ser satisfeitas. Reencontrar o prazer de cumprir os deveres mais insignificantes é um primeiro passo muito positivo e importante, pois ele representa a vitória sobre a repugnância que às vezes nos inspiram as coisas, as pessoas e os fatos. Essa mudança de comportamento e transformação pessoal é uma oportunidade única que as pessoas têm para evoluir e melhorar a qualidade de suas próprias vidas.

Essencialmente negativos são os pensamentos que tendem a tirar o sentido da vida (mas lembre-se: os pensamentos podem ser modificados!). A angústia nasce, de fato, da vontade de apagar (renovar ou negar) os vários aspectos da vida e de seus desejos, inclusive quando se trata do passado. A consciência positiva nasce justamente do contrário, da profunda aceitação de nós mesmos, com os nossos defeitos, incertezas e fraquezas. Essa consciência é própria de cada fase da vida, integrando-a com tudo o que ela comporta. Os fatos e as coisas em si nunca são negativos, mas sim os sentimentos que eles despertam. Então, ao invés de ficarmos lamentando e recriminando-se disso ou daquilo, que é uma maneira velada de apartar-se do que aconteceu, é mais útil debruçar-se nas coisas e nos problemas atuais, sem rejeitar a força e a fragilidade que carregamos dentro de nós. Somente sentindo prazer com a vida que estamos levando é que poderemos olhar mais adiante, com clareza e com tranqüilidade.

Nesse sentido devemos olhar para o futuro sim, mas também, impreterivelmente, colocar-nos sempre no momento presente e aproveitar o dia. Ter força para aceitar aquilo que não podemos modificar, coragem para modificar o que pudermos e, principalmente, sabedoria para saber discernir uma coisa da outra. Assim "agimos sem agir" (wei-wu-wei) com a consciência tranqüila do dever cumprido!
Paz e Bem!