20061229

Navegar é preciso!

Estava eu aqui sozinho em casa repassando CDs, Vídeos, etc.. (Bobby Filho, Mãe e Tio foram passar o reveillón em Camburiú-SC em uma excursão de uma semana e eu fiquei por cá, de guarda-lar e por ter que também trabalhar...), e me deparei com o CD "Mensagem de Fernando Pessoa", em músicas de André Luiz Oliveira. Eis aqui uma ótima definição desse artista para essa obra desse magistral Poeta ("Mensagem").:
"A Mensagem de Fernando Pessoa traduz em linguagem épica e metafórica uma inspiração antiga do ser humano: o sentimento mais ou menos obscuro e presente de que existe um mundo interior a ser descoberto, à semelhança dos descobrimentos portugueses. Essa sensação de intervalo, essa ânsia doida contida nos versos do Poeta refletem aquilo que não temos e não vemos, mas que também desejamos e queremos. O lugar encoberto onde reina o mais legítimo de nós mesmos: navegar por dentro."
"I. O Infante
DEUS QUERE, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quiz que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até o fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou creou-te portuguez.
Do mar e nós em ti nos deu signal.
Cumpriu-se o Mar, e o Imperio se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal! "
Canta: Elba Ramalho
"X. Mar Portuguez
MAR SALGADO, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
........
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
....."
Canta: André Luiz Oliveira
O mar salgado, quanto do teu sal
Também não foram
Lágrimas do Cabral....
Valeu a pena,
Sim valeu a pena,
Foi o Cabral que,
No mês de abril
Descobriu quem?
O Brasil!
Ri-ri-ri... calma gente, brincadeirinha, deste Míchkim que também é um navegante, um Rosa de Oliveira!

20061221

Clarabela

Clara e bela;
Qual é mesmo
O nome dela?
Clarabela!

20061220

Muita pretensão a minha...

1- “Autopsicografia (Fernando Pessoa) : // O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente.// E os que lêem o que escreve,/ Na dor lida sentem bem,/ Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm.// E assim nas calhas de roda/ Gira, a entreter a razão,/ Esse comboio de corda/ Que se chama o coração.”

2- Definição (Álvaro Míchkim) : // Sou feliz, feliz sou/ Aos olhos dos outros./ Estou feliz, feliz estou./ Porém dentro,/ Profundamente dentro,/ No âmago da alma,/ No solo do coração,/ Onde se alojam os sentimentos,/ Onde fermentam as emoções,/ Estou vazio e triste,/ E sem essência nenhuma,/ - Coitado de mim! -/ Perdido num mundo sem fim,/ Sem saber de onde vim/ E sequer saber para onde vou!

3- “Motivo (Cecília Meireles) : // Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta.// Irmão das coisas fugidias,/ não sinto gozo nem tormento./ Atravesso noites e dias/ no vento.// Se desmorono ou se edifico,/ se permaneço ou me desfaço,/ - não sei, não sei. Não sei se fico/ ou passo.// Sei que canto. E a canção é tudo./ Tem sangue eterno a asa ritmada,/ E um dia seu que estarei mudo: - mais nada.”

20061219

"Cortar o Tempo"

(Carlos Drummond de Andrade)

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a
funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se
cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo
começa outra vez, com outro número e outra
vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente."

20061218

Passe adiante!

"O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio.." (Bertolt Brecht, dramaturgo alemão) - esse mesmo político brasileiro que, em fim de mandado (e boa parte deles reeleitos!), afora todas as regalias que já recebem como parlamentar, legislando em causa víl, num único canetaço, ainda tem a desfaçatez de ignorar a honra de quem votou conscientemente, e, "por decreto", duplica o seu próprio salário, cujo efeito, em cascata e dominó, irá também garantir esse mesmo direito aos parlamentares estaduais e municipais. Fazer isso em um país crônicamente falido, que somente se sobrevive à custa de exorbitantes impostos é, como diria o jornalista Boris Casoy: "UMA VERGONHA!". E bota VERGONHA nisso!...

20061215

Quem não gosta de melão?

A reverência de hoje vai para o grande poeta maiakóvskiano Eduardo Alves da Costa (mestre Dudu), através do delicioso poema quase taoísta “As quinhentas donzelas do rei Tsin”, retirado de sua antologia poética(“No caminho, com Maiakóvski”):
“Iam as quinhentas donzelas/ do rei Tsin Shih-huang,/ entre procelas e calmarias,/ a caminho dos mares da China,/ em busca do elixir da longa vida./ Uma delas, quase menina,/ deteve-se junto a uma fonte/ e enquanto fazia que bebia/ lançou olhares ao poeta Huayang.”
“Pouco depois, foi o poeta/ à casa do amigo Tsungyuan/ que, banhado de suor,/ guardava o leito, a ver/ se despachava uma febre terçã./ ‘Se fosses um homem poderoso e rico - / disse Huayang, que ainda se achava/ no pico do monte Demente,/ embalado pelo olhar da gazela - / e visses da janela um mendigo/ a comer um dos teus muitos melões,/ serias capaz de castigá-lo?”
“Tsungyuan, que era um cínico,/ embora não entendesse nada de melões/ sabia que nos corações os sentimentos/ percorrem sinuosos caminhos/ e que as alegorias gastronômicas/ têm às vezes relação com as secretas/ reentrâncias das formas anatômicas./ ‘Não importa se o dono do melões - / disse afinal, a rir - é rico/ ou pobre; nem se os frutos/ são muitos ou poucos,/ desde que ao saciar a sede/ o ladrão seja discreto e não se deixe/ apanhar na rede.’ Huayang sorriu/ e pouco depois, quando o doente/ despertou de um cochilo,/ não mais o viu.”
“Na manhã seguinte, as quatrocentas/ e noventa e nove donzelas/ do rei Tsin Shih-huang/ seguiram viagem, à procura do elixir.”

20061213

Rô, Rô, Rô...

No Natal de 1897 uma garotinha de 8 anos chamada Virgínia O. Douglas, filha de um médico de New york, nos Estados Unidos, escreveu uma carta para o jornal "The Sun" perguntando se Papai Noel existia. O jornal publicou sua carta e a resposta do editorialista Francis Church. Foi um sucesso tão grande que esse jornal reproduziu-a todos os anos, na época do Natal. Esse fato tornou-se famoso na imprensa mundial.
Em uma época natalina eu recebi de alguém muito especial um cartão grande de Natal exatamente com uma cópia desse texto. E, agora, para satisfazer a curiosidade dos que lerem este post vou transcrever aqui alguns trechos dessa resposta:
"Sim, Virgínia, Papai Noel existe. Isso é tão certo como a existência do amor, da generosidade e da devoção, e você sabe que tudo isso existe em abundância trazendo mais beleza e alegria à nossa vida. Seria triste um mundo sem Papai Noel, tão triste quanto não existir Virgínias. Não haveria então a fé das crianças, a poesia e a fantasia para fazer a nossa existência suportável. Não teríamos alegria e nem prazer a não ser com os nossos sentidos. Seria preciso ver e tocar para poder sonhar. A transparente luz das crianças, que inunda o mundo, seria apagada. Não acreditar em Papai Noel é o mesmo que que não acreditar em fadas. Você por acaso já viu fadas dançando no jardim? Claro que não, mas não há provas de que elas não estejam por lá. As coisas mais reais do mundo são aquelas que niguém vê. Existe um véu cobrindo esse mundo invisível e somente a fé, a poesia, o amor e a fantasia podem abrir essa cortina e desvendar a beleza e a glória celestiais que existem por trás dela. Virgínia, Papi Noel existe! Graças a Deus ele vive, viverá e para sempre continuará a fazer feliz o coração das crianças."
E quem ousar disso duvidar, que espere até o Natal chegar!

20061212

Navegando contra o vento

Há muitos anos, ao final da tarde, sempre quando eu retornava do serviço a molecada do bairro toda ia se ouriçando: “olha quem vem lá!”. Era um pássaro? Não! Era um avião? Não! Era o Super-Homem? Também não pois ele vinha a pé! Então, quem é que era? Era o “homem do doce”(e quem advinhar o nome do “homem do doce”, ganha um pé de Álvaro, digo, um pé-de-moleque!).
Tudo isto parece brincadeira, mas realmente era assim: mal eu chegava em casa e já tocava a campainha: “Ei, moço, tem doce?”. Daí formava a fila, capitaneada pelo pequeno Joãozinho, para receber o doce do dia (gibi, paçoquinha, cocada, doce deleite...). Isso tudo durou enquanto por ali o Joãozinho morou!
Tempos atrás eu estava a caminhar pelas ruas, e alguém que passava de bicicleta me chamou pelo nome: “Ei, Álvaro, sou eu o João!”. Demorei para reconhecê-lo, ele havia crescido e já estava um rapazinho. “Oi João, onde você está morando? Nossa, como você cresceu!”, eu lhe disse. Conversamos um pouquinho e depois ele se foi, como o vento, que já passou antes e, com certeza, voltará a passar depois. Não a mesma brisa já sentida, mas outra que virá, para demonstrar que ela existe.
No último Natal e Reveillón e como sempre aconteceu nos últimos anos, únicas datas por elas lembradas depois que o Joãozinho se mudou, a criançada do bairro, já agora mais crescida, e agora capitaneada pelas meninas, novamente vieram tocar a campainha, já não à espera de doces, mas sim para desejar “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” e receber em troca alguns reais, com certeza para comprar batons!
E como essas datas estão chegando, em minha bolsa já estou guardando um bom punhado de notas trocadas, pois este rapaz não vôa como gafonhoto mas é sempre previdente.

20061206

Boas notas

Antes das Boas Festas que se aproximam, fui presenteado nesta semana com o Boletim de Boas Notas que o Bobby Filho nos apresentou e, em especial, para sua mamãe Sônia que ontem aniversariou.
Perto de seu desempenho desde o pré-primário, a transição da 8ª Série do Ensino fundamental para a 1ª Série do Ensino Médio, no Colégio Anglo Claretiano de Rio Claro, o primeiro bimestre desse ano, que consta de 11 matérias, cada qual agora com um professor específico, ficou um pouco abaixo de sua média geral: de 110 pontos, fez apenas 101, cuja média foi 9,18; já no 2º recuperou o fôlego e voltou ao seu padrão natural: 108 e 9,82; no 3º idem e no 4º, 107,50 e 9,77; A média do ano foi 106,15 e 9,65. No ano, por disciplina, a sua média foi: Geografia (10,0); Física (9,88); Português, Química, Biologia e Inglês ((9,75); Matemática e Geometria (9,63); História (9,50); Artes (9,38) e Educação Física (9,13). Se excluir Artes e Educação Física sua média fica 9,74, basicamente a sua média anual dos anos anteriores. No total foram 44 notas no ano, sendo: 10,00 (28); 9,50 (7); 9,00 (4); 8,50 (4); e 8,00 (1). Minha nossa, que estatística heim!
Para o próximo ano pensamos orientá-lo na escolha de seu futuro profissional fazendo despertar nele a sua afinidade vocacional e, para isso, contando com a ajuda de profissionais específicos nessa área, visando com isso que ele escolha uma carreira de sucesso de acordo com a sua vontade e seu talento intelectual, somados aos seus aspectos físico, emocional e psicológico, pois tirar boas notas sem sequer se esforçar em estudar é com ele mesmo, e uma prova disso é que ele tem ido à fases finais de todas as olimpíadas em que participou até agora, e, em algumas delas, obtendo até mesmo premiações (medalha).
Este registro é para reforçar que o Bobby filho é o "orgulho" (mas sem apego!) do Bobby Pai e, convenhamos, ele tem mesmo a quem puxar (ejusdem farinae).
:) :) :)...

20061205

O clima do Natal

Estando sem tempo para elaborar um texto sobre o “Clima do Natal”, pedi a colaboração do Bobby Filho. Eis o que ele me apresentou: “Você fica emocionado ao montar a árvore de Natal, o presépio, e quando decora a casa com enfeites de Natal e luzes? Mas se você se perguntar porque tudo isso ocorre e simboliza o Natal, então responda: 1- Por que existe o Natal? 2- Por que o presépio é um símbolo de Natal? 3- Quem montou o presépio pela primeira vez? 4- Qual a árvore que simboliza o Natal? 5- Que fruto ela dá? 6- Quem é o Papai Noel? 7- Onde ele mora? 8- O que ele faz no Natal? 9- Porque o sino, a vela, a estrela e a troca de presentes são símbolos de Natal? 10- Escreva a história do nascimento de Jesus e, depois, desenhe-a.” Minha Nossa Senhora, responder esse questionário todo sem consultar o google ou mesmo a enciclopédia é osso duro de roer, inda mais o último item que exigia ilustração. Mas se pedi, ele está aqui!
Então, que tal falar agora mais seriamente: “O advento do nascimento do Cristo no coração do homem, promete transformações profundas” (Dr. Samael Aun Weor). E ouçamos agora esta canção: “Todo dia é dia de Natal:/ Qual é o mistério/ Que uma noite pode ter/ Para unir os povos/ Em celebração?/ Qual é o grande motivo/ Para se comemorar/ E trocar presentes na repartição?/ Até uma criança sabe responder:/ É Natal!/ No mundo inteiro vai se ouvir dizer:/ Feliz Natal!/ Depois de dois mil anos/ O mundo ainda não compreendeu/ A verdadeira importância/ Do menino que nasceu./ Ele veio para nos trazer salvação,/ É o próprio Deus que do Céu desceu/ Para nos amar./ Ser cristão é receber no coração/ Essa verdade,/ É ter Jesus nascendo a cada dia./ Que cada homem/ Possa compreender essa mensagem/ E que todo dia seja um dia de Natal!”.
E se hoje o meu clima é esse foi porque neste último final de semana foi a nossa vez de fazer esse serviço: desempacotar tudo, comprar novos adereços, montá-los e partir prô abraço. Rô-rô-rô, agora só falta pendurar as meias e consultar o que resta prô Natal no saldo bancário.

20061201

Mundos e fundos

Quanto maior for a forma
Mais fundo ao mundo se vai,
Ao fundo do mar profundo,
Transfundo desse meu ai.