Recitando a receita
Em 1997, quando meu filho tinha apenas 7 anos, ele havia ganho no Natal anterior uma cachorrinha salsichinha (Duchshund?) que recebeu o nome de Tuka Ripiluka (pois pulava como uma maluca!). Do lado do quintal e pomar de minha casa, protegidos por uma cerca de madeira, havia uma trupe de galináceos garnisés, todos descendentes diretos do então finado Galin Ivan Denissovitich com sua companheira Marikota Ivanova - no início, ainda filhote, a cachorrinha convivia pacificamente com eles e a portinhola de madeira permanecia aberta, até que certo dia, coitadinho do Ivan... ;
E como o dia da criança está chegando, relembrando aqueles tempos, a grande magia para mim e o Bobby Filho, era poder comemorá-lo todos os dias. Quando pai e filho iam ao quintal, duas crianças iam brincar: “Cai, cai, balão; cai, cai, balão, na rua do sabão...” (Manuel Bandeira)...”, “não cai não, não cai não, não cai não, cai na palma da minha mão” (..?); có-có-có-có-có-có-ré, có-có-có-có-có-có-ré, cacareja, cacareja, a galinha garnisé; principalmente quando ela nota que o “raposão e o raposinho” furtaram os seus ovinhos! “Eu queria ser a rosa, lá-lá-rá-lá-lá, e vivendo num jardim, ter besouros, borboletas, lá-lá-rá-lá-lá, cirandando ao pé de mim!..” (Cecília Meirelles); “O cravo brigou com a rosa...” e a rosa se entristeceu, para não ficar ambos sofrendo, de sua briga se arrependeu. Sua roupa ele tirou e de rosa se travestiu. Mas a rosa em seu rancor, isso não consentiu, despiu-se de suas pétalas e de cravo ela se vestiu!; “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...”; Ciranda? Êpa, errei de verbo, o papo era receitar.
Então vamos lá: que tal uma receita de galinhada caipira? Ponha o tacho de água à ferver. Solte a cachorra no quintal. Espere ela caçar três galinhas garnisés. Recolha as galinhas e prenda a cachorra. Lastime um pouco, mas, sem remorsos, faça de conta que foi um acidente. Escalde as galinhas na água fervente. Retire as penas, eviscere-as. Lave bem. Descarte os pés e a cabeça. Corte o restante em nacos. Empacote os resíduos galináceos e coloque para o lixeiro levar (desove o pacote somente na hora que ele passar, senão dá bode, digo, gato!..). Em uma panela grande coloque um fundo de azeite (com certeza a galinhada é portuguesa!). Junte uma cebola e um dente de alho, picados. Acrescente os pedaços das galinhas. Corrija o sal e refogue bem. Junte, picados e a gosto, tomate, cheiro verde e legumes (batata, cenoura, vagem, milho, etc..). Previamente lavado e escorrido, adicione alguns punhados de arroz (a moda do Chef Allan: aos lanços). Misture bem, cubra com água fervente ou caldo de galinha, corrija novamente o sal e cozinhe pelo tempo necessário. Fica parecendo um reforçado angu, mas é isso mesmo. O que sobrar, sirva fria, senão a cachorra pode reclamar!
As personagens existiram, hoje não mais; agora estou vegetariano, a receita é boa, mas a história é...?
E como o dia da criança está chegando, relembrando aqueles tempos, a grande magia para mim e o Bobby Filho, era poder comemorá-lo todos os dias. Quando pai e filho iam ao quintal, duas crianças iam brincar: “Cai, cai, balão; cai, cai, balão, na rua do sabão...” (Manuel Bandeira)...”, “não cai não, não cai não, não cai não, cai na palma da minha mão” (..?); có-có-có-có-có-có-ré, có-có-có-có-có-có-ré, cacareja, cacareja, a galinha garnisé; principalmente quando ela nota que o “raposão e o raposinho” furtaram os seus ovinhos! “Eu queria ser a rosa, lá-lá-rá-lá-lá, e vivendo num jardim, ter besouros, borboletas, lá-lá-rá-lá-lá, cirandando ao pé de mim!..” (Cecília Meirelles); “O cravo brigou com a rosa...” e a rosa se entristeceu, para não ficar ambos sofrendo, de sua briga se arrependeu. Sua roupa ele tirou e de rosa se travestiu. Mas a rosa em seu rancor, isso não consentiu, despiu-se de suas pétalas e de cravo ela se vestiu!; “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...”; Ciranda? Êpa, errei de verbo, o papo era receitar.
Então vamos lá: que tal uma receita de galinhada caipira? Ponha o tacho de água à ferver. Solte a cachorra no quintal. Espere ela caçar três galinhas garnisés. Recolha as galinhas e prenda a cachorra. Lastime um pouco, mas, sem remorsos, faça de conta que foi um acidente. Escalde as galinhas na água fervente. Retire as penas, eviscere-as. Lave bem. Descarte os pés e a cabeça. Corte o restante em nacos. Empacote os resíduos galináceos e coloque para o lixeiro levar (desove o pacote somente na hora que ele passar, senão dá bode, digo, gato!..). Em uma panela grande coloque um fundo de azeite (com certeza a galinhada é portuguesa!). Junte uma cebola e um dente de alho, picados. Acrescente os pedaços das galinhas. Corrija o sal e refogue bem. Junte, picados e a gosto, tomate, cheiro verde e legumes (batata, cenoura, vagem, milho, etc..). Previamente lavado e escorrido, adicione alguns punhados de arroz (a moda do Chef Allan: aos lanços). Misture bem, cubra com água fervente ou caldo de galinha, corrija novamente o sal e cozinhe pelo tempo necessário. Fica parecendo um reforçado angu, mas é isso mesmo. O que sobrar, sirva fria, senão a cachorra pode reclamar!
As personagens existiram, hoje não mais; agora estou vegetariano, a receita é boa, mas a história é...?
1 Comments:
A história é perfeita, leve e inocente nos remete à infância que tivemos, gostoso ler sobre essa sua relação com Bobby Filho, interessante que ainda hoje [sendo ele quase um homem]você ainda o associe ao dia das crianças que se aproxima.
Você é realmente um paizão, vegetariano [ninguém é perfeito,rss] mas definitivamente um paizão!!
linda noite querido
beijossssssss
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