20060814

B+

Este é o meu tipo de sangue. Ontem, na Seção das Dez, do SBT, passou um filme com D. Washington, Um homem de coragem. Ele me impressionou bastante porque o roteiro do filme me lembrou muito como faleceu meu irmão mais velho (Antonio Rosa de Oliveira Filho), em 13/12/2003, no Incor, em São Paulo, aos 52 anos de idade, após ter passado por uma restituição ventricular de um lado de seu coração que estava três vezes maior que o outro, operação feita no HCor, também de São Paulo, três semanas antes. A sua remoção para o Incor, devido ao seu plano de saúde (Bradesco) não cobrir um marcapasso duplo (que custa em torno de R$ 50.00) ocorreu justamente para isso (colocá-lo no Incor, pelo SUS). Só que neste último Hospital não havia um marcapasso duplo provisório para substituir o que ele vinha usando desde que fez a cirurgia. O que estava com ele foi removido para ser devolvido ao HCor, e no Incor ele ficaria monitorado com marcapasso simples até o dia da implantação do definitivo que ocorreria dois dias depois. Eu o acompanhei na ambulância UTI de um hospital para o outro, uns poucos quilômetros, e os demais seguiram de carro. Deu entrada no Incor às 16h00 e faleceu por volta das 19h00, vitimado por um ataque fulminante (fibrilição?). Nem bem havíamos retornado a Rio Claro e recebemos essa triste e chocante notícia. De imediato retornamos novamente para ouvir explicações que não conseguíamos entender. Teria sido a falta do marcapasso duplo por poucas horas que teria provocado sua morte ou não? Os de branco disseram enfaticamente que não, mas até hoje essa dúvida me acompanha. Como poder um hospital desse porte não ter naquela hora o marcapasso apropriado para ser usado até a colocação do definitivo que já estava a caminho, para ser colocado dois dias depois. Diz o livro do destino que, o que há de acontecer, acontecerá, a seu devido tempo. Faço crer que então tenha sido isso que o vitimou.
Agora, no filme de ontem ocorre uma situação semelhante. Quem já assistiu esse filme há de lembrar. O curioso nessa história é que os dois personagens do filme (pai e filho) tinham sangue B+ e o pai se propôs a se matar para doar seu coração ao seu filho, o que só não aconteceu porque também aí o destino interferiu mandando um coração compatível, de uma doadora falecida em acidente de automóvel. Mas se esse pai não faz o estardalhaço que fez, com certeza, seu filho teria morrido. Enredos de filmes, textos de livros, histórias verídicas ou não, cada qual tem sua versão. Então fico aqui pensando com os meus botões: qual teria sido a verdadeira história da morte deste meu irmão.
Águas passadas não movem moinhos, mas é defícil deletar de nossas memórias estes fatos em questão. Nestas circunstâncuas só o tempo pode apaziguar o nosso coração. Porém, neste meu caso, tal chance não foi possível à minha mãe. Desolada, desconsolada, em vida dois filhos perdidos, por último este meu outro irmão, perdida ficou sua motivação... faleceu pouco tempo depois (09/02/2004), aos 72 anos. Hoje eu sou o mais velho e de resto ficou o caçula (Arnaldo), hoje com 34 anos.
Paro poraqui, é muito doída esta minha recordação. O filme, o sangue (B+), efêmera é a vida, vivê-la eternamente no plano físico dura apenas o tempo de uma respiração! Este é o meu consolo...

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Difícil comentar este post, mas não vou me furtar. Parece que houve um bom atendimento por hospitais públicos, inclusive com ambulância UTI. Se a falta circunstancial do equipamento mais indicado foi a causa - apesar da negativa dos médicos - da morte, fica difícil afirmar. Mas a dúvida corroe, eu sei e, nada há para dirimí-la. Mas aqui sim é hora de usar suas crenças e qualidades para estancar a sua própria ferida... Grande abraço.

2:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

Álvaro querido,
está mais que claro a falta grave de retirada do aparelho...
Dificil pra você lembrar sem emoção de tal fato tão marcante e sofrido em sua vida.
Penso que a vida dura mais que uma longa respiração e quero acreditar nisso.
Sinto por todas as lembranças que vieram a tona o fazendo sofrer.
Meu sangue assim como do marido, todos os filhos e netos é A+.
Linda semana
beijossssssssss

3:04 PM  

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