20061212

Navegando contra o vento

Há muitos anos, ao final da tarde, sempre quando eu retornava do serviço a molecada do bairro toda ia se ouriçando: “olha quem vem lá!”. Era um pássaro? Não! Era um avião? Não! Era o Super-Homem? Também não pois ele vinha a pé! Então, quem é que era? Era o “homem do doce”(e quem advinhar o nome do “homem do doce”, ganha um pé de Álvaro, digo, um pé-de-moleque!).
Tudo isto parece brincadeira, mas realmente era assim: mal eu chegava em casa e já tocava a campainha: “Ei, moço, tem doce?”. Daí formava a fila, capitaneada pelo pequeno Joãozinho, para receber o doce do dia (gibi, paçoquinha, cocada, doce deleite...). Isso tudo durou enquanto por ali o Joãozinho morou!
Tempos atrás eu estava a caminhar pelas ruas, e alguém que passava de bicicleta me chamou pelo nome: “Ei, Álvaro, sou eu o João!”. Demorei para reconhecê-lo, ele havia crescido e já estava um rapazinho. “Oi João, onde você está morando? Nossa, como você cresceu!”, eu lhe disse. Conversamos um pouquinho e depois ele se foi, como o vento, que já passou antes e, com certeza, voltará a passar depois. Não a mesma brisa já sentida, mas outra que virá, para demonstrar que ela existe.
No último Natal e Reveillón e como sempre aconteceu nos últimos anos, únicas datas por elas lembradas depois que o Joãozinho se mudou, a criançada do bairro, já agora mais crescida, e agora capitaneada pelas meninas, novamente vieram tocar a campainha, já não à espera de doces, mas sim para desejar “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” e receber em troca alguns reais, com certeza para comprar batons!
E como essas datas estão chegando, em minha bolsa já estou guardando um bom punhado de notas trocadas, pois este rapaz não vôa como gafonhoto mas é sempre previdente.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Parece que Riacho Claro seria um cenário ideal para uma novela. Tantos personagens, tantas histórias, tantas coisas ocorrendo já entremeadas pela carruagem do tempos. Aquele tempo dos velhos Packards e Belairs.

Mas se fosse na Globo eles enfiariam as garotas pedindo trickle-tracle em Haloween, esses bruxos da comunicação. Melhor mesmo batons de Natal e pronto, Gafanhoto.

Abraços.

12:22 PM  
Anonymous Anonymous said...

Que delicia saber disso, esse gafanhoto é do bem e dá doce até no Natal, quero pé de moleque, bala jujuba e doce de leite com coco, tem aí Tio Álvaro? Ah! quero bala juquinha, é..aquela que cola no céu da boca, rsss.
Abençoados os Joãos e todos seus seguidores por terem no seu caminho um moço como você.
Blogspot me boicotou hj cedo, nem me deixou entrar aqui :(
lindo dia querido
beijossssssssssssss

6:08 PM  

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