Sobre os poetas
Os poetas conseguem, num simples pensar, encontrar as palavras certas que expressam com sinceridade aquilo que nós gostaríamos de falar. Os poetas fazem isso com facilidade, assim tão de repente, no relance de um instante, no vidrar de um olhar. Nós que não somos esses poetas, para essas palavras poder juntar e fazer com que elas também possam expressar aquilo que nós gostaríamos de dizer, já não o fazemos assim tão de repente. Isso não é tarefa fácil como, simplesmente, para sentir a chama da vida a incandescer dentro de nós, ter que apenas respirar. Achar as palavras certas, guardadas no bojo do coração, carece de mais arrojo, esse dom natural que esses poetas tem e que nós, humildes, não temos. Os poetas conseguem, num simples pensar, encontrar as palavras certas, palavras essas que ficaríamos eternamente às procurar. Por isso, quase sempre, para nosso sentimento expressar, as palavras desses poetas - essas sim palavras belas!- elas temos que usar. Quando isso acontece- também quase sempre - não precisamos ficar como loucos, como dementes, a procurá-las eternamente, pois as temos em nossos lábios, para nosso sentimento mostrar. E quando isso acontece, assim quase como um milagre, a nossa voz, a nossa humilde voz, assume a voz desses poetas!
Quando fazemos isso utilizamos palavras alheias, usurpadas, eu sei; como estas do mestre Pablo Neruda: “NÃO TE AMO como se fosses/ rosa de sal, topázio/ Ou flecha de cravos que propagam o fogo./ Te amo como se amam certas coisas obscuras,/ Secretamente, entre a sombra e a alma;/ Te amo como a planta que não floresce mas leva/ Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,/ E graças a teu amor vive escuro em meu corpo/ O apertado aroma que ascendeu da terra;/ Te amo sem saber como,/ nem quando, nem onde;/ Te amo diretamente sem problemas/ nem orgulho;/ Assim te amo porque não sei/ amar de outra maneira,/ Senão assim deste modo em que não sou nem és,/ Tão perto que tua mão/ sobre o meu peito é minha,/ Tão perto que se fecham teus olhos/ com meu sonho,/ Que ANTES de amar-te, amor, nada era meu./ Vacilei pelas ruas e as coisas:/ Nada contava nem tinha nome./ O mundo era do ar que esperava./ E conheci salões cinzentos,/ Túneis habitados pela Lua,/ Hangares cruéis que se dependiam,/ Perguntas que insistiam na areia./ Tudo estava vazio, morto e mudo,/ Caído, abandonado, decaído;/ Tudo era dos outros e de ninguém,/ Até que tua beleza e tua pobreza,/ De dádivas encheram o outono.”
Conclusão: de carteiro e poeta todos nós temos um pouco, pois esse é o nosso caminho!
9 Comments:
Olá Álvaro!! Eu não sou poetisa, e estou bem longe de ser viu, hehehe mas escrever o que sentimentos, mesmo que para os outros não tenha muito sentido é bom né? Desabafamos! Bjokas!
Olá...
meu...como eu queria ter o dom da palavra...
não precisava nem ser poeta...apenas, falar a coisa certa na hora certa já tava baummmmm..hehe
um belo dia a vc
Belas palavras de Neruda.
A grandeza dos poetas deve ser a humildade. Eles acham que falam por eles, mas podem sempre falar por todos.
Forte abraço!
Olá tudo bem? Legal o texto, realmente os poetas dizem aquilo que todos querem dizer, mais que não encontram palavras! Tudo de bom...
Adoro citar poetas, porque eles têm pronto, o que eu levaria uma eternidade para elaborar! (rs*) Que voto é que não sei!?
Bom restinho de semana! Beijus
Hmmmmmm! Gostei muito... há melhor coisa que poetar???
Abração...
Acho que há um certo mito em torno dos poetas, nem todos sao feitos na base da inspiracao somente. Bandeira era, por isso se considerava menor - embora, claro, tenha sido também o mestre do verso (como vemos no Itinerário da Pasárgada e em seus poemas). Joao Cabral nao era, mas nao se considerava menor, tem um ensaio dele muito interessante sobre isto. Nao lembro o nome agora. Depois te mando o título.
Abraço
ai..ai..ser poeta é desejo de todo mortal e privilégio de poucos..
belíssimas palavras!!
linda noite meu querido!!
beijosssssssssss
O que importa é que as coisas saiam do coração.
Creio nisto!!
Abraços!
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