"A criança"
(Fagundes Varela)
“É menos bela a aurora,/ A neve é menos pura/ Que uma criança linda/ No berço adormecida!// Seus lábios inocentes,/ Meu Deus, inda respiram/ Os lânguidos aromas/ Das flores de outra vida!”
“É menos bela a aurora,/ A neve é menos pura/ Que uma criança linda/ No berço adormecida!// Seus lábios inocentes,/ Meu Deus, inda respiram/ Os lânguidos aromas/ Das flores de outra vida!”
“O anjo de asas brancas/ Que lhe protege o sono/ Nem uma nódoa enxerga/ Naquela alma divina!// Nunca sacode as plumas/ Para voltar às nuvens,/ Nem triste afasta ao vê-la/ A face peregrina!”
“No seio da criança/ Não há serpes ocultas,/ Nem pérfido veneno,/ Nem devorantes lumes,// Tudo é candura e festas!/ Sua sublime essência/ Parece uma vaso de ouro/ Repleto de perfumes!”
“Mas ela cresce, os vícios/ Os passos lhe acompanham,/ Seu anjo de asas brancas/ Pranteia ou torna ao céu,// O cálice brilhante/ Transborda de absinto,/ E a vida corre envolta/ Num tenebroso véu!”
Depois ela envelhece,/ Fogem os róseos sonhos,/ O astro da esperança/ Do espaço azul se escoa,// Pende-lhe ao seio a fronte/ Coberta de geadas/ E a mão rugosa e trêmula/ Levanta-se e abençoa!”
“Homens! O infante e o velho/ São dois sagrados seres,/ Um deixa o céu apenas,/ O outro ao céu se volta,// Um cerra as asas débeis/ E adora a divindade,/ O outro a Deus adora/ E as asas níveas solta!”
“Do serafim que dorme/ Na face alva e rosada/ O traço existe ainda/ Dos beijos e dos anjinhos,// Assim como na fronte/ Do velho brilha e fulge/ A luz do infinito/ Aponta-lhe os caminhos!”
“Nestas infaustas eras/ Quando a família humana/ Quebra sem dó, sem crenças,/ O altar e o ataúde,// Nos olhos da criança/ Creiamos na inocência,/ E nos cabelos brancos,/ saudemos a virtude!”
2 Comments:
saudemos a vida.
beijosssssssss
que dizer???
lindo né??
beijossssssssss
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