Sobre Nasrudin, Mestre Sufi
Como sempre desejei ter em mãos uma coletânea das histórias desse mestre tão citado por OSHO, estou agora me deleitando ao ler o livro “Contos de Ensinamento do Mestre Sufi Nasrudin” (Edições Dervish/RJ), que a minha amiga contadora de histórias gentilmente em emprestou recentemente.
Hodja Nasrudin, com seu humor e sua “lógica” toda especial, é um personagem criado pelos sufis com o propósito de trazer à tona a imaturidade de nossos conceitos e de nos colocar frente a frente com a mecanicidade de nossas atitudes. Suas histórias armazenam um conhecimento que procede da própria fonte do ensinamento, e o impacto que produzem é uma das técnicas utilizadas pelos Mestres Sufis para fazer com que o buscador, a partir de sua própria experiência interna, alcance uma percepção mais profunda da realidade e desperte, a partir dai, as possibilidades superiores de sua mente, pois o pensamento formal, os juízos de valor, as idéias ordinárias a respeito de tempo e espaço, embora sejam úteis para nossas atividades cotidianas, são ineficazes para a compreensão da verdadeira realidade.
Desse livro eu selecionei o seguinte conto que agora compartilho com o leitor:
“O Asno:
Um dia Tamerlão recebeu de presente um asno de grande valor e apresentou-o aos cortesãos, que não pararam de elogiá-lo. Tamerlão dirigiu-se à Nasrudin e disse-lhe: - Qual é a tua opinião a respeito deste asno? - De minha parte - respondeu Nasrudin - creio que neste asno podem ser observadas grandes aptidões e, se o senhor me permitir, poderei ensiná-lo a ler, no período de alguns meses. - Se conseguires fazê-lo, eu te recompensarei muito bem - disse Tamerlão. Ao cabo de três meses, Nasrudin apresentou-se na corte com o asno e, sem dizer uma palavra, tomou um grande livro e colocou-o na frente do animal. Imediatamente este pôs-se a virar as páginas do livro com sua língua e a zurrar, cada vez que passava uma página. Surpreendido, Tamerlão perguntou-lhe como havia chegado a este resultado. Nasrudin explicou-lhe: - No primeiro dia em que levei o asno para minha casa, nada dei-lhe de comer. No dia seguinte, pus este livro na sua frente, com grãos de milho entre as suas folhas; e, faminto, o asno farejou os grãos e começou a virar as páginas do livro; quando não encontrava grãos, olhava-me no rosto e zurrava; e, assim, eu o acostumei a alimentar-se. Um dos membros da corte, tentando menosprezar o feito, disse-lhe: - A única coisa que o asno fez foi virar as páginas e zurrar, mas não leu nada! Nasrudin, dirigindo-se à corte, enfatizou: - Um asno não pode aprender a ler mais do que isto; e quem quer que pretenda ensinar-lhe mais deveria considerar a si próprio um asno”.
O asno é burro, mas o papagaio é diferente: dá-o-pé-loro!...
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