20051027

Retratos do Brasil

No rádio “o amor é lindo”,
A música reina soberana,
Os programas são muitos
E as notícias correm soltas;

De noite, morcegos namoram
Nas árvores dos parques,
Observando ao longe
O ajuntamento de índios,
Com os seus cachimbos;
As tribos rivais
Engolem suas próprias zarabatanas
E, indiferentes, fenecem de letal veneno;
Os camaleões e as mariposas
Oferecem o seu precioso néctar;
Bem distante ecoam
Os latidos dos flácidos buldogues
À procura de inexistentes pirilampos;
Desesperados, os ignorantes
Colhem as suas moedas
Como se nada houvesse ao seu redor;
Uma massa de coitados
Vaga desamparada
Com a única esperança do dia seguinte;

As cobras se escondem;
Os sapos proliferam-se;
Os ratos banqueteiam-se;
Os urubus aguardam o fim da festa;

“Nosotros”, palco e cenário
Dessa infindável peça,
Temos um único direito:
De saber o nome dos bois!

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