Sobre a configuração "QWERTY"
QWERTYUIOP! Alguém reconhece esta estranha palavra? De antemão afirmo que não se trata de nenhuma relíquia histórica, geográfica ou arqueológica, das antigas civilizações Inca, Maia ou Asteca. Porém, sem qualquer sombra de dúvida, saliento que todos nós, artífices no manuseio das letras e palavras, literárias ou não, informatizadas ou mecânicas, já a lemos e escrevemos inúmeras vezes, pois esse pequeno grupo de letras (QWERTYUIOP) é a linha de cima dos teclados da máquina de escrever e do computador.
Sua história é fascinante. Hei-la: por volta de 1870, Sholes & Co, principal fabricante de máquinas de escrever da época, recebia muitas reclamações de seus clientes e usuários. A queixa era de que os "tipos" da máquina ficavam colados uns aos outros se o datilógrafo fosse rápido demais. Em resposta à esse emergente problema, uma vez que este novo equipamento se tornava cada vez mais popular, a direção da empresa pediu aos seus engenheiros que descobrissem um modo de evitar que aquilo continuasse ocrrendo. Eles discutiram largamente o problema até que um deles disse: "E se reduzíssemos a velocidade do datilógrafo? Se fizermos isso os tipos não irão ficar mais bloqueados tantas vezes!" No que um outro engenheiro retrucou: "Mas como vamos retardar o datilógrafo?". A solução encontrada por eles foi fazer o teclado com uma configuração ineficiente. Por exemplo: o "o" e o "a" estão, respectivamente, em terceiro e sexto lugares entre as letras mais usadas no alfabeto inglês. Os engenheiros, porém, posicionaram estas duas letras de tal forma que teriam que ser batidas pelos dedos anular e mínimo, dedos relativamente fracos. Essa lógica foi uma idéia brilhante que, de imediato, resolveu esse problema.
Desde essa época em que esta solução foi adotada, a tecnologia das máquinas de escrever e das demais processadoras de texto (inclusive o nosso já famoso computador) avançou extraordinariamente. Na atualidade existem máquinas de escrever, assim como já são os teclados do computador, que se utilizam da digitação eletrônica que, por sua vez, podem trabalhar muitíssimo mais depressa do que qualquer operador humano possa datilografar ou digitar. Mas, paradoxalmente, o problema agora é outro, pois a "Configuração QWERTY" continua a ser usada como norma padrão, embora seja possível fazer configurações muitísssimo mais rápidas.
Portanto, a moral da história é a seguinte: quando uma norma se estabelece e se consolida firmemente, fico muito difícil eliminá-la, mesmo que o motivo inicial dela ter sido adotada já tenha desaparecido. Assim, o pensamento criativo não é só construtivo. Ele pode ser destrutivo também. Frequentemente é preciso quebrar um padrão para se descobrir outro. Por isso, lembre-se sempre: seja receptivo à mudança e flexível diante das normas. Violar as normas nos leva, necessariamente, à ideias criativas, e isso nos mostra novos caminhos, já que, ficar sempre no mesmo trilho pode, eventualmente, nos levar a um beco sem saída. Infelizmente muitas normas e regras têm vida mais longa do que a finalidade para a qual elas foram criadas. portanto, como diz o meu amigo Zé Roberto, "Pense Nisso!".
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