Enriquecendo o vocabulário
Certa vez encontrei num livro de redação a seguinte lição: “com as palavras muxuango, vituperada, perfunctório, sibilino e bisonho, escreva uma história com a imagem que cada uma delas desperta em você.”
Então escrevi: A caçada que saiu pela culatra. Ei-la:
Um primo meu que é mecânico experiente e conserta até trator, nos finais de semana gosta de caçar, pescar, não gosta de jogar xadrez, mas gosta de jogar bilhar. Um dia destes aceitou o convite de um de seus clientes para ir ao sítio dele caçar muxuango. E, eu, por ser adepto da caminhada no campo, fui incluído nessa caçada apenas de contra-peso, para carregar os apetrechos e bugigangas. Ao retornarmos iríamos jogar bilhar e tomar umas geladinhas. Então, mesmo sendo contra os meus princípios esse tipo de desfaunamento, a parte final desse convite de pronto me convenceu.
Assim, pela manhã de um sábado friorento, lá fomos nós para a malfadada caçada. Bem cedinho chegamos ao sítio onde fomos fraternamente recebidos pelo nosso anfitrião que, de imediato, nos alertou: “apenas muxuangos, heim, nada de codornas, nambus ou garnisés!”.
Depois disso foi um tal de subir e descer morro, cortar mata, cruzar riachos e plantações e esse tempo todo sem sequer avistar um único muxuango e nem mesmo rasto ou vestígio de sua existência naquelas plagas.
Com o sol a pique, desistimos da caçada e voltamos à sede do sítio para a nossa despedida. Nesse momento o proprietário nos disse: “Que pena, então os meninos não pegaram nenhum bichinho!” E prosseguiu: “Mas não vou deixar isso passar em branco. A patroa preparou uma vituperada de arregalar os olhos!”. Não houve como recusar. Apreciamos o rega-bofe acompanhado de boas talagadas de cachaça de engenho e colheradas de pimenta cumarim curtidas no azeite.
E o tiro saiu mesmo pela culatra. Na jornada de volta me deu a maior estremeção. Nem chamando o “Hugo” no acostamento da pista o meu estado melhorou. Fui parar no Pronto-Socorro, onde o médico de plantão, após as praxes formais, com aquela sua voz de sibilino, foi logo me dizendo: “Foi caçar muxuango, o que já é uma contravenção; depois, por cima, comeu vituperada regada a cachaça e pimenta; tinha que dar no que deu; arregaçou o bucho!”.
Receitou-me uma dose dupla de perfunctório para limpar as tripas e recomendou repouso e dieta leve à base de líquidos. “Se não melhorasse, que voltasse para a internação”.Segui o riscado e melhorei a contento, só que, dessa bisonha passagem tenho amargas recordações. Mesmo que por lá realmente existissem muxuangos o melhor seria ter ficado em casa jogando xadrez!
P.S. – Os curiosos que consultem o Aurélio; já os ansiosos escrevinhadores que contem a sua, pois a minha eu já contei!
Então escrevi: A caçada que saiu pela culatra. Ei-la:
Um primo meu que é mecânico experiente e conserta até trator, nos finais de semana gosta de caçar, pescar, não gosta de jogar xadrez, mas gosta de jogar bilhar. Um dia destes aceitou o convite de um de seus clientes para ir ao sítio dele caçar muxuango. E, eu, por ser adepto da caminhada no campo, fui incluído nessa caçada apenas de contra-peso, para carregar os apetrechos e bugigangas. Ao retornarmos iríamos jogar bilhar e tomar umas geladinhas. Então, mesmo sendo contra os meus princípios esse tipo de desfaunamento, a parte final desse convite de pronto me convenceu.
Assim, pela manhã de um sábado friorento, lá fomos nós para a malfadada caçada. Bem cedinho chegamos ao sítio onde fomos fraternamente recebidos pelo nosso anfitrião que, de imediato, nos alertou: “apenas muxuangos, heim, nada de codornas, nambus ou garnisés!”.
Depois disso foi um tal de subir e descer morro, cortar mata, cruzar riachos e plantações e esse tempo todo sem sequer avistar um único muxuango e nem mesmo rasto ou vestígio de sua existência naquelas plagas.
Com o sol a pique, desistimos da caçada e voltamos à sede do sítio para a nossa despedida. Nesse momento o proprietário nos disse: “Que pena, então os meninos não pegaram nenhum bichinho!” E prosseguiu: “Mas não vou deixar isso passar em branco. A patroa preparou uma vituperada de arregalar os olhos!”. Não houve como recusar. Apreciamos o rega-bofe acompanhado de boas talagadas de cachaça de engenho e colheradas de pimenta cumarim curtidas no azeite.
E o tiro saiu mesmo pela culatra. Na jornada de volta me deu a maior estremeção. Nem chamando o “Hugo” no acostamento da pista o meu estado melhorou. Fui parar no Pronto-Socorro, onde o médico de plantão, após as praxes formais, com aquela sua voz de sibilino, foi logo me dizendo: “Foi caçar muxuango, o que já é uma contravenção; depois, por cima, comeu vituperada regada a cachaça e pimenta; tinha que dar no que deu; arregaçou o bucho!”.
Receitou-me uma dose dupla de perfunctório para limpar as tripas e recomendou repouso e dieta leve à base de líquidos. “Se não melhorasse, que voltasse para a internação”.Segui o riscado e melhorei a contento, só que, dessa bisonha passagem tenho amargas recordações. Mesmo que por lá realmente existissem muxuangos o melhor seria ter ficado em casa jogando xadrez!
P.S. – Os curiosos que consultem o Aurélio; já os ansiosos escrevinhadores que contem a sua, pois a minha eu já contei!
4 Comments:
AFF! que agora que me danei toda e farei esse perfunctório para não praticar uma vituperada sibilina e não parecer um muxuango bisonho aos seus olhos,rsss.
Caraca! só você mesmo pra inventar essas pérolas, adorei!
lindo dia querido amigo
beijosssssssss
Meu querido amigo
obrigada pelo comentário como sempre encantador.
Eu gosto de sentir-me feliz e por gostar tanto consequentemente ME APEGO, inevitável, por isso digo que amar dói...
mas bora levando a vida que é boa pra caramba,rsss
lindo dia
beijosssssssss
*quer a imagem que tanto gostou? te mando por e-mail,ok?
Hum, boca cheia d'água, algodão doce eu amo em qualquer parque e manga também, putzzz, se eu não morasse tão longe ia pedir umas do seu pé antes que ele acabe, que pena ter que radicalizar podando-o inteiro :(
Ih! nem sei o que sou no calendário chinês, vou ver e volto pra contar,peraí tá?
beijossssssssss
Voltei pra dizer que não entendi nada daquele calendário, meu dia é 20 de fevereiro, sou cão é isso? aff! acho que sou burrinha mesmo,rsss
beijosssssssss
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