20070109

Enriquecendo o vocabulário

Certa vez encontrei num livro de redação a seguinte lição: “com as palavras muxuango, vituperada, perfunctório, sibilino e bisonho, escreva uma história com a imagem que cada uma delas desperta em você.”
Então escrevi: A caçada que saiu pela culatra. Ei-la:
Um primo meu que é mecânico experiente e conserta até trator, nos finais de semana gosta de caçar, pescar, não gosta de jogar xadrez, mas gosta de jogar bilhar. Um dia destes aceitou o convite de um de seus clientes para ir ao sítio dele caçar muxuango. E, eu, por ser adepto da caminhada no campo, fui incluído nessa caçada apenas de contra-peso, para carregar os apetrechos e bugigangas. Ao retornarmos iríamos jogar bilhar e tomar umas geladinhas. Então, mesmo sendo contra os meus princípios esse tipo de desfaunamento, a parte final desse convite de pronto me convenceu.
Assim, pela manhã de um sábado friorento, lá fomos nós para a malfadada caçada. Bem cedinho chegamos ao sítio onde fomos fraternamente recebidos pelo nosso anfitrião que, de imediato, nos alertou: “apenas muxuangos, heim, nada de codornas, nambus ou garnisés!”.
Depois disso foi um tal de subir e descer morro, cortar mata, cruzar riachos e plantações e esse tempo todo sem sequer avistar um único muxuango e nem mesmo rasto ou vestígio de sua existência naquelas plagas.
Com o sol a pique, desistimos da caçada e voltamos à sede do sítio para a nossa despedida. Nesse momento o proprietário nos disse: “Que pena, então os meninos não pegaram nenhum bichinho!” E prosseguiu: “Mas não vou deixar isso passar em branco. A patroa preparou uma vituperada de arregalar os olhos!”. Não houve como recusar. Apreciamos o rega-bofe acompanhado de boas talagadas de cachaça de engenho e colheradas de pimenta cumarim curtidas no azeite.
E o tiro saiu mesmo pela culatra. Na jornada de volta me deu a maior estremeção. Nem chamando o “Hugo” no acostamento da pista o meu estado melhorou. Fui parar no Pronto-Socorro, onde o médico de plantão, após as praxes formais, com aquela sua voz de sibilino, foi logo me dizendo: “Foi caçar muxuango, o que já é uma contravenção; depois, por cima, comeu vituperada regada a cachaça e pimenta; tinha que dar no que deu; arregaçou o bucho!”.
Receitou-me uma dose dupla de perfunctório para limpar as tripas e recomendou repouso e dieta leve à base de líquidos. “Se não melhorasse, que voltasse para a internação”.Segui o riscado e melhorei a contento, só que, dessa bisonha passagem tenho amargas recordações. Mesmo que por lá realmente existissem muxuangos o melhor seria ter ficado em casa jogando xadrez!
P.S. – Os curiosos que consultem o Aurélio; já os ansiosos escrevinhadores que contem a sua, pois a minha eu já contei!

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

AFF! que agora que me danei toda e farei esse perfunctório para não praticar uma vituperada sibilina e não parecer um muxuango bisonho aos seus olhos,rsss.
Caraca! só você mesmo pra inventar essas pérolas, adorei!
lindo dia querido amigo
beijosssssssss

4:35 PM  
Anonymous Anonymous said...

Meu querido amigo
obrigada pelo comentário como sempre encantador.
Eu gosto de sentir-me feliz e por gostar tanto consequentemente ME APEGO, inevitável, por isso digo que amar dói...
mas bora levando a vida que é boa pra caramba,rsss
lindo dia
beijosssssssss
*quer a imagem que tanto gostou? te mando por e-mail,ok?

8:44 AM  
Anonymous Anonymous said...

Hum, boca cheia d'água, algodão doce eu amo em qualquer parque e manga também, putzzz, se eu não morasse tão longe ia pedir umas do seu pé antes que ele acabe, que pena ter que radicalizar podando-o inteiro :(
Ih! nem sei o que sou no calendário chinês, vou ver e volto pra contar,peraí tá?
beijossssssssss

10:37 AM  
Anonymous Anonymous said...

Voltei pra dizer que não entendi nada daquele calendário, meu dia é 20 de fevereiro, sou cão é isso? aff! acho que sou burrinha mesmo,rsss
beijosssssssss

10:45 AM  

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