20070119

"A sabedoria dos Homens Santos"

"Há três tipos de sabedoria:
Um primeiro tipo de sabedoria é aquele em que as pessoas simplesmente reconhecem a vida de seu corpo material. Assim, também acreditam que devem desfrutar todos os prazeres que essa vida lhe der. Se, depois da morte, tem ou não outra vida espiritual, elas não sabem. Essa é a sabedoria das pessoas do momento: “Aproveite bem a sua vida!”.
Um segundo tipo de sabedoria é aquele em que as pessoas conseguem perceber que em seu corpo habita um espírito; que, um dia, esse corpo vai se acabar e que, por isso, precisam purificar o espírito o quanto antes, para que ele consiga retornar para sua essência original, para o lugar de onde veio.
Um terceiro tipo de sabedoria é o daquelas pessoas que sabem que a vida neste corpo é muito importante, pois somente através dele é que o espírito vai conseguir se desenvolver e realizar algo para as demais pessoas deste mundo. Depois de cumprida essa tarefa esse espírito poderá retornar a Deus. Essa é a sabedoria dos Homens Santos.
Um Homem Santo sabe qual é a missão que lhe cabe desempenhar. Não vem para este mundo simplesmente para viver nele, mas que precisa da vida de um corpo para completar sua missão. Todo ser humano tem uma missão. O problema é que hoje ele não consegue superar o nível da cultura da humanidade e, por isso, não consegue completar essa sua missão.
Foi para isso que os Homens Santos vieram para esse mundo, para orientarem a humanidade na transformação da compreensão que temos de nossa própria vida e que direção devemos dar à ela. Pelo livre-arbítrio, essa decisão é nossa e, a partir dessa direção, trilharemos o caminho de busca da verdade.
Na busca da verdade é preciso haver três condições básicas: sinceridade; um coração eterno (perseverante); e um coração forte, que não tema o sofrimento e que seja capaz de superar os obstáculos que se apresentem à sua frente. Quando dispomos dessas três premissas, então encontramos a verdade.
Buscar a verdade é uma felicidade, porque aí conseguimos enxergar o nosso lado ignorante e também ver a nossa própria consciência. É daí que a sabedoria brota, assim como também a libertação. O que restringe o ser humano é justamente a sua ignorância para que consiga libertar-se. O sofrimento é simplesmente o fruto de nossa própria ignorância. Se nos esforçarmos, com sinceridade no coração, perseverança e força, atingiremos um resultado: a transformação do próprio destino.
A humanidade vive hoje num deserto em relação à Verdade, um deserto que não tem uma trilha que possa ser identificada, pois a areia vai e vem; por isso as dunas são móveis, ou seja, não há um caminho fixo. Então, em que se orientar? Tudo neste mundo muda. A sociedade e as pessoas mudam. Há somente um tipo de coisa que não muda: a verdade dos Homens Santos. No deserto precisamos nos orientar pelo sol e pelas estrelas. Quem estuda História sabe que as culturas da humanidade sempre sofreram constantes transformações. Somente a cultura dos Homens Santos não se transforma. Por isso, a direção que buscamos é a deles."

20070118

Um poema de Han-Shan

Como a água límpida que brilha como uma pedra preciosa,
E cuja transparência permite enxergar claramente o fundo,
É a Mente, dentro da qual nenhuma coisa existe;
Por isso os objetos exteriores não conseguem movê-la,
Já que ela não é imutável.
Se conseguirdes compreender isso
Terás obtido a Sabedoria que ultrapassa os opostos.


Obs: Han-Shan (Montanha Fria) foi um poeta chinês do século VII. Seu nome está associado ao Zen-Budismo, sendo-lhe atribuídos 311 poemas. Foi divulgado no ocidente através de poetas da beat generation (beeteneeks) dos anos 50, em especial Gary Snyder e Jack Kerouac. Apaixonado pela liberdade, Han-Shan entregou-se a um trabalho interior de solidão sem se deixar levar pelas rotinas das religiões ou das filosofias estabelecidas. Seus poemas revelam claramente a Iluminação por ele atingida, e muitos Mestres os têm tomado como tema para seus sermões.

20070117

A quem querer se ter

A quem querer se ter
Precisamos muitos verbos conjugar
Sejam eles aqui presentes,
Sejam eles em qualquer lugar!

A querer se ter
Precisamos fazer muitos sacrifícios
Tal qual um trabalho de Hércules,
Um super-Homem a erguer edifícios!

A quem querer se ter
Vale a pena o sofrimento
De ter que exercitar a gramática,

De ter que estafar nossos músculos,
Só por saber de a ter,
Agora e em todo momento!

De: Meus Primeiros Poemas, 1988.

20070115

Verão, chuva & lembranças...

É verão e a chuva vem forte! Logo depois, coletada, ela corre solta como enxurrada. Simples- como tudo o é na natureza - ela segue em frente pela sarjeta da calçada. Quando chove forte, assim é, não é diferente. E se estou a toa, a hora é boa para soltar barquinhos de papel. Por que não aproveitá-la? E se não há papel de folha de caderno- nem mesmo os do tempo de escola? -, não faz mal, posso usar jornal.
E se soubesse escrever versos, nessa hora escreveria algo mais ou menos assim: Lágrimas da noite, gotas orvalhadas do Luar, como as lágrimas da chuva a nos encantar. Se estivesse um dia a contemplá-las, debruçado ao batente de uma janela de madeira, gostaria que fosse num Chalé, em um “Vale de Rosas”. Seria em uma noite chuvosa, como estas de agora que sempre ocorrem no verão!0 E se tivesse à mão uma taça de bebida (me sentiria muito bem se fosse um vinho frisante, ou mesmo uma champagne demi-sec), sorveria-a, deliciosamente, esperando as horas passarem. E se do canto do quarto me viesse uma melodia branda que inundasse quase silenciosamente o ambiente à sua volta (eu estaria em êxtase, se essa música fosse a “Sonata ao Luar”, de Beethowen). Misturaria esse doce momento de magia com o encanto dessas lágrimas vislumbradas ao Luar. Seria um momento de poesia realmente inesquecível. E se às minhas costas, repousando na cama de casal, estivesse virginal donzela, me sentiria ainda mais feliz. E quando estivesse inundado desse magistral encanto, me viraria e iria até ela e abraçaria o seu lindo e meigo corpo desnudado. Afagaria seus negros cabelos cacheados e, aos seus ouvidos, murmuraria doces versos de amor. E quando ela acordasse com esse meu canto, nossos ardentes e sedentos corpos se juntariam e se fundiriam em um só. Seria um inesquecível momento de amor. Lágrimas da noite, como as lágrimas das alegrias passadas das nossas vidas, que os tempos levam e não trazem mais.
Vem a chuva e corre a enxurrada, pela sarjeta da calçada. Ainda há tempo, tempo para soltar barquinhos de papel e pegar frieira no pé!

20070111

Amor é...

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

(Luiz Vaz de Camões)

20070110

Em passos de elefante...

Hoje vou contar a história de um certo “elefante”. Para iniciá-la conviria citar aqui alguns “versos para crianças” do genial mestre Maiakóvski. Mas, abreviando, vou apenas citar que o elefante têm na frente, sobre a goela, uma cauda, quem bem convêm chamar de ‘tromba’!
Esse elefante, além de ser o maior dos animais, era também a maior atração do circo (pois fazia de tudo sem nada reclamar!). Certo dia, enfurecido - pois até mesmo os animais têm o seu dia de fúria! - ele, sempre escravizado, sentindo somente ingratidão no seu enorme coração, simplesmente, assim muito simplesmente, ergueu a perna e rompeu a cordinha que o prendia ao cabo da vassoura e que o mantinha preso! Daí, sentindo-se livre, saiu ele a caminhar - à passos de elefante, é claro! - sem sequer saber que ele havia fugido! Ao longe avistou um lago de água claras e cristalinas, onde resolveu ir saciar a sede, refrescar a pele e, também, descansar um pouco. Mas, coitado do elefante, ao chegar-se à beira do lago - tal qual já o fizera um dia um tal de Narciso! - ele viu nele a imagem de um horrível e gigantesco animal (UM MONSTRO!). À princípio, amedrontado com a imagem que viu, empinou-se, em sinal de defesa, como sempre fazia lá no circo, no final do espetáculo, enquanto o seu treinador estalava o seu chicote ordenando-lhe, “vamos, seu gigante idiota, empine-se para o regozijo de todos!”. Como a imagem repetiu-lhe os gestos, depois de muito matutar (pois o cérebro do elefante é inversamente proporcional ao seu tamanho!) ele - simplesmente, como bem convêm ao raciocínio animalesco - se deu conta de seu poder e de sua força, e, à partir daí, deixou de ser escravo para, simplesmente - muito simplesmente, camarada Maiakóvski! - passar a ser ele apenas um simples elefante, LIVRE, em que pese que o Circo ainda continuasse armado, esperando, esperando...

20070109

Enriquecendo o vocabulário

Certa vez encontrei num livro de redação a seguinte lição: “com as palavras muxuango, vituperada, perfunctório, sibilino e bisonho, escreva uma história com a imagem que cada uma delas desperta em você.”
Então escrevi: A caçada que saiu pela culatra. Ei-la:
Um primo meu que é mecânico experiente e conserta até trator, nos finais de semana gosta de caçar, pescar, não gosta de jogar xadrez, mas gosta de jogar bilhar. Um dia destes aceitou o convite de um de seus clientes para ir ao sítio dele caçar muxuango. E, eu, por ser adepto da caminhada no campo, fui incluído nessa caçada apenas de contra-peso, para carregar os apetrechos e bugigangas. Ao retornarmos iríamos jogar bilhar e tomar umas geladinhas. Então, mesmo sendo contra os meus princípios esse tipo de desfaunamento, a parte final desse convite de pronto me convenceu.
Assim, pela manhã de um sábado friorento, lá fomos nós para a malfadada caçada. Bem cedinho chegamos ao sítio onde fomos fraternamente recebidos pelo nosso anfitrião que, de imediato, nos alertou: “apenas muxuangos, heim, nada de codornas, nambus ou garnisés!”.
Depois disso foi um tal de subir e descer morro, cortar mata, cruzar riachos e plantações e esse tempo todo sem sequer avistar um único muxuango e nem mesmo rasto ou vestígio de sua existência naquelas plagas.
Com o sol a pique, desistimos da caçada e voltamos à sede do sítio para a nossa despedida. Nesse momento o proprietário nos disse: “Que pena, então os meninos não pegaram nenhum bichinho!” E prosseguiu: “Mas não vou deixar isso passar em branco. A patroa preparou uma vituperada de arregalar os olhos!”. Não houve como recusar. Apreciamos o rega-bofe acompanhado de boas talagadas de cachaça de engenho e colheradas de pimenta cumarim curtidas no azeite.
E o tiro saiu mesmo pela culatra. Na jornada de volta me deu a maior estremeção. Nem chamando o “Hugo” no acostamento da pista o meu estado melhorou. Fui parar no Pronto-Socorro, onde o médico de plantão, após as praxes formais, com aquela sua voz de sibilino, foi logo me dizendo: “Foi caçar muxuango, o que já é uma contravenção; depois, por cima, comeu vituperada regada a cachaça e pimenta; tinha que dar no que deu; arregaçou o bucho!”.
Receitou-me uma dose dupla de perfunctório para limpar as tripas e recomendou repouso e dieta leve à base de líquidos. “Se não melhorasse, que voltasse para a internação”.Segui o riscado e melhorei a contento, só que, dessa bisonha passagem tenho amargas recordações. Mesmo que por lá realmente existissem muxuangos o melhor seria ter ficado em casa jogando xadrez!
P.S. – Os curiosos que consultem o Aurélio; já os ansiosos escrevinhadores que contem a sua, pois a minha eu já contei!

20070105

Quem ama...

Se algo te fere,
Não te padece,
Desculpa e esquece,
Você não merece esse sofrer.
Lembre-se, o espinho dilacera
Porque não é flor.
Eu não posso ferir,
Sou flor, não espinho.
O meu pranto é de pétalas,
Meu perfume é o amor.
Eu te amo,
Segue o meu caminho,
Você merece.
A mulher amadurece,
De amor amor não carece,
Tem a um e a outro,
Não te esquece,
Quem ama, de amor,
Não adoece!

20070104

Agenda - a sabedoria sempre presente

"A sabedoria de hoje está na experiência do ontem e na construção do amanhã."
"Se cada um dos seus dias for uma centelha de luz, no fim da vida você terá iluminado uma boa parte do mundo." (T.Merlo)
"Não deixe que os seus medos tomem o lugar dos seus sonhos." (Walt Disney)
"Não há necessidade de escolher uma estação do ano como predileta. O que temos de fazer é desfrutar a beleza de cada uma delas." (Evelyn Lander)
"Existe sempre um sol brilhando, um céu azul, capaz de nos mostrar o brilho do caminho a seguir." (Valdeti Poli)
"O amor não tem idade, está sempre a nascer." (Blaise Pascal)
"O mais terno e lindo dos sentimentos será sempre o amor." (Valdeti Poli)
"Você não pode parar o vento, mas pode mudar a direção da vela." (Anônimo)
"Ser só não é ser triste, é simplesmente sentir a vida bem de perto." (Valdeti Poli)
"O desejo mede os obstáculos; a vonte vence-os." (Herculano)
"Toda a nossa vida é uma primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece e que anima toda a nossa caminhada." (Cirilo de Alexandria)
"O que é belo não morre: transforma-se em outra beleza." (Ballery Ardrich)
"Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem.' (anônimo)

(*)- os axiomas do texto são uma gentileza da Editora Paulinas, Agenda de 2006, que agora, após os créditos, será reciclada!