20060331

O juiz sufi

Na relação humana, ninguém quer perder a razão ou dar ao outro o seu braço a torcer. Ao nosso ego, dói, e muito, quando somos contrariados em nossos objetivos cotidianos. Assim sendo, existem muitos exemplos de resposta certa, dependendo do ponto de vista dos contendores em questão. A história do “juiz sufi”, reproduz com extrema clareza o que quero dizer. Ela diz o seguinte:

Dois homens se desentenderam. Para resolver a contenda, foram a um juiz sufi e pediram que ele servisse de árbitro. O reclamante apresentou sua reivindicação. Foi muito eloqüente e convincente na argumentação. Quando terminou, o juiz acenou com a cabeça em sinal de aprovação e disse: ‘Tem razão!’.
Ao ouvir isso, o acusado pulou do banco e falou: ‘Espere um pouco, senhor juiz. O senhor nem sequer ouviu o meu lado da questão.’ O juiz, então, disse ao acusado que apresentasse seus argumentos. Este também foi muito persuasivo e eloqüente. Quando terminou, o juiz disse: ‘Tem razão!’.

Quando o escrevente viu aquilo, também saltou do banco e, por sua vez, ponderou ao juiz: ‘Senhor juiz, os dois não podem, ao mesmo tempo, estar certos’. O juiz olhou para o escrivão e disse: ‘Tem razão!’.

Moral da história: A verdade está em toda parte. Entretanto, o que realmente interessa, é para que lado nós estamos olhando. Somente essa verdade é que iremos enxergar. Quem disso duvidar, ao juiz sufi que vá se queixar, pois sem mesmo pestanejar, com toda a certeza do mundo ele há de lhe afirmar: 'Tem razão!´

20060329

Coração de metal

No quadro verde e aveludado de afixar recados que existe em meu local de trabalho, dias destes, com os muitos percevejos que nele estavam soltos e sem nenhuma utilidade naquele momento, fiz um coração de metal.

Isto pressupõe, obviamente, que os recados eram poucos. Então, naquele quadro aveludado, arrumei um a um os percevejos soltos e, na proporção e espaço disponíveis, exatos, deixei ali o meu recado, muito especial, através daquele meu coração de metal.

Com aqueles simples percevejos, amarelinhos, redondinhos e com uma haste pontiaguda no meio, espaçando-os corretamente no feltro aveludado, espetando-os novamente, fiz nele um coração bem legal, meu coração de metal.

E isso feito, por razões da vida que a gente desconhece, fiquei feliz e muito contente. Dentro de mim brotou uma felicidade imensa, radiante e resplandecente. Acho que quem me visse naquele momento poderia talvez ver em mim uma grande aura de felicidade irradiando de meu ser.

Depois disso passei a vigiar periodicamente este meu coração. Por complacência de alguns, impercepção de outros ou mesmo ignorância de todos, meu coração de metal agüentou firme em seu lugar por um bom tempo.

Até que num outro dia alguém flexou meu coração com a seta de Cupido. Fiquei contente, obviamente, pois isso foi um bom sinal. Mas minha alegria durou pouco, pois logo depois em seu lugar fizeram uma cruz. “Pronto, pensei com meus botões, é sempre assim, quando estou bem feliz, me matam!”.

Não deixei a peteca cair: se era guerra que queriam, guerra teriam! Sem nenhuma ideologia política, mas apenas para impressionar, redimensionei os percevejos com a cruz da suástica. Surtiu efeito, pois depois disso, em seu lugar, apareceu um círculo...; E como sobrassem percevejos, à sua frente acrescentei um “I”, resultando no quadro um “OI”.

Mas, passado alguns dias, depois disso tudo, os recados voltaram com força e todos os percevejos do quadro foram utilizados para o seu real serviço. Apesar disso tudo, relembrando os fatos, fico sempre a imaginar quão importante é a força de um coração, mesmo que seja ele um simples coração de metal!

20060327

É sopa!

Estima-se que o hábito de tomar sopa seja tão antigo quanto a civilização. Ele surgiu quando o homem dominou o uso do fogo e inventou o pote para cozinhar. Ao longo dos séculos esse alimento passou a fazer parte das mesas do camponês e da nobreza. A sopa que hoje conhecemos foi criada na Itália, mas a França a sofisticou. No Brasil, tornou-se elegante com a vinda de D. João VI.

Hoje consideramos sopa toda preparação culinária cuja base é um extrato de origem animal ou vegetal, de consistência líquida ou semilíquida. O sabor, aroma, visual e valor nutritivo das sopas variam de acordo com as combinações dos alimentos utilizados no seu preparo. Seu nome é sempre uma referência ao ingrediente principal (sopa de cebola, de feijão, de mandioca, etc...), ao corte feito nas hortaliças (juliana, camponesa, etc...), ou ao tipo do mingau que lhe serve de base (purê de tomate, de cenoura, de batata, etc...). No rol da sopas existem também os já consagrados: minestrone, canja, sopa russa, consomê, sopa de missô, etc...; Geralmente a sopa é um prato quente, mas há países que cultivam o hábito de tomá-la fria ou adocicada.

Pela variedade de ingredientes e sabores, as sopas são ótima fonte energética, adaptável às necessidades diárias. Por ser um preparo alimentar que sofre excessivo cozimento, há destruição da vitamina C (ácido ascórbico) das verduras e hortaliças utilizadas na sua preparação. Assim, para corrigir essa deficiência, devemos também acrescentar ao nosso cardápio frutas frescas e verduras cruas, ricas nessa vitamina.

A sopa do cotidiano é uma forma cômoda de administrar ilimitados alimentos em um só prato. Como é leve e de fácil preparo e digestão, é ideal como última refeição do dia. Esse tipo de alimento terá cada vez mais espaço nas refeições noturnas, se firmando, juntamente com os sucos e as saladas, como um hábito saudável das gerações futuras.

Para mim foi “sopa” escrever sobre a sopa. Há quem não goste - os jovens masculinos, por exemplo, que preferem apenas o prato principal, e depois, na manhã seguinte, para refazer as energias, não dispensem uma canja ou, eu até acho, um refrescante gaspacho!?

20060324

Brasil, Brasil...

Quando meu filho Bobby estava cursando a 3ª série do Ensino Fundamental. Em comemoração aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, sua professora decidiu montar um jogral envolvendo toda a classe. Os pais deveriam sugerir idéias sobre esse tema. À noite, todo pimpão, ele veio me contar essa história e pedir a minha ajuda. Como idéias não me faltam, lhe disse: Bobby Filho, faz assim: Primeiro divide a classe em vários grupos: os descobridores (portugueses), os duplamente descobertos (índios), os trasladados (escravos negros), os invasores estrangeiros (franceses e holandeses), os imigrantes (italianos, espanhóis, alemães, japoneses, etc...), e, por último, a mescla do povo atual (todos nós!). Distribui os textos e os trajes típicos para cada grupo; em seguida a peça é encenada assim: os portugueses dizem: ‘Brasil, Brasil, quem foi que te descobriu?’; os índios respondem: ‘Pelo vosso bem e pelo nosso mal, quem nos descobriu foi Pedro Álvares Cabral!’; os portugueses indagam novamente: ‘Brasil, Brasil, quem foi que te descobriu?’; e os escravos negros respondem: ‘Pelo vosso bem e pelo nosso mal, quem o descobriu foi Pedro Álvares Cabral!’; os portugueses novamente: “Brasil, Brasil, quem foi que te descobriu?’; e os invasores estrangeiros: ‘Pelo vosso bem e pelo nosso mal, quem chegou primeiro foi Pedro Álvares Cabral!’; os portugueses de novo: ‘Brasil, Brasil, etc e tal?’; e os imigrantes: ‘Pelo nosso bem e pelo vosso mal, quem o descobriu foi Pedro Álvares Cabral!’; ao final, ainda os portugueses: ‘Brasil, Brasil...?’; e nós, o povo atual: ‘Pelo vosso bem e o nosso também, quem o descobriu foi Pedro Álvares Cabral!’. Também salientei ao Bobby Filho que, nos interstícios históricos correspondentes, cada grupo faria uma pequena dissertação histórica do período envolvido: o descobrimento, a colonização , a escravidão, a imigração, etc, etc, etc...; a Colônia, o Império, a República, etc, etc, etc...; mas parece que ele não gostou da minha idéia; mal a ouviu, e respondeu: “Pai, você está maluco, o que isso tudo quer dizer?” “Idéia de gênio, esta minha - continuei; afinal de contas, sobre a história do Brasil, o quê todo mundo aprende na escola e jamais esquece?” - ele respondeu: “Que quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral!” Daí, concluí: “Então...”. Ele saiu de mansinho e foi buscar a lista telefônica. Retornou e começou a folheá-la: “f, g , H, achei!...”. E eu retruquei: “Bobby Filho, o que você está procurando?”. E ele, descaradamente, disse: “O telefone do hospício!”. Estes nossos filhos têm cada idéia...

20060323

Carpe Diem

Carpe diem significa “aproveite o dia”. São palavras do poeta romano Horácio (65-8 a.C.). Carpe diem nos estimula a aproveitar o momento presente e a assumir as chances que a vida nos dá.

Entretanto, isso não é fácil. Para fazê-lo precisamos estar despertos e alertas. Saber quem somos, prestar atenção ao que está “rolando”, tanto dentro quanto fora de nós, e, assim, estar auto-consciente. Isso implica estarmos presentes ao momento atual, ao que estamos fazendo, observando atentamente o sentimento interior e, ao mesmo tempo, controlando as nossas reações às percepções exteriores e, delas, aproveitando o útil e transformando o inútil! Estar desperto é ver as inúmeras coisas que ocorrem no decorrer de nosso dia e rapidamente avaliar se elas são importantes ou não. É entrar em sintonia com os outros, com nós mesmos e com o meio em que vivemos. Estar desperto é um ato do agora. É o oposto de estar disperso e distraído.
O auto-conhecimento nos ajuda a reunir os fios de nossa história pessoal e a recordar quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Ajuda a recordar quais são os nossos objetivos, ideais e sonhos. Estas são as nossas principais perguntas, e, mesmo que não consigamos respostas claras à todas elas, é vital que continuemos a recordá-las sempre, pois perdê-las é o mesmo que mudar o curso de nossas vidas.

Muito embora esta "filosofia de vida" seja inerente à minha prática do Tao, a reflexão acima também está contida no livro “A Essencial Arte de Parar”, do Dr. David Kundtz, onde, segundo ele, “o principal objetivo de parar é garantir que, quando você vai em frente numa tarefa, numa decisão, em qualquer situação de sua vida, você siga na direção que realmente deseja, e que tenha, a cada momento, a capacidade de escolher o que é melhor para você e sua felicidade. Porque, se não estivermos despertos e conscientes de quem somos e do que queremos, inevitavelmente, seremos levados de roldão pelo turbilhão dos acontecimentos.” Este é, sem dúvida, uma psicologia revolucionária.
Carpe Diem!

20060322

O Bug do cérebro

Foi descoberto que o nosso cérebro tem um Bug (termo usado em computação para alguma falha no funcionamento do sistema operacional). Para isso temos os seguintes exemplos:

1- Faça o seguinte cálculo mental, sem usar calculadora, papel ou caneta. Pegue 1000, acrescente 40. Acrescente mais 1000. Some mais 30 e novamente mais 1000. Acrescente 20, mais 1000 e ainda mais 10. Qual é total? Se o seu resultado foi 5000, parabéns! Você foi mais um que errou a conta. Volte e refaça o cálculo, a resposta é 4100. Se não acreditar, verifique com a calculadora.

2- Siga as instruções abaixo e responda mentalmente tão rápido quanto possível. Quanto é: 14 + 3; 56 + 1; 85 + 2; 16 + 51; 75 + 2; 65 + 32; 153 + 54; e 25 + 52. Agora, pense rápido em uma ferramenta e uma cor. Aposto que pensou em um martelo vermelho, não é? Se não foi isso, você é parte de 2% da população que é suficiente diferente para pensar em outra coisa, pois 98% das pessoas respondem “martelo vermelho” quando resolve este exercício.

A resposta a estas interessantes situações é que a memória humana funciona por associações, criando e fortalecendo conexões entre os neurônios ativados, quando vemos ou pensamos em algo como ferramentas, cores, números, cheiros, formas e emoções. Quanto mais uma associação se repete, uma associação se repete, mais aquelas conexões são atiçadas e mais elas se reforçam.

Isso é o que se imagina que acontece quando vemos, usamos ou pensamos em ferramentas, por exemplo. Cada vez que você usa um martelo, o seu cérebro deve ir fortalecendo as conexões da associação ferramenta-martelo.

E o que tem a ver todas aquelas contas antes? É simples: aquilo é um velho truque de mágicos. Para manter o leitor concentrado, despistar e deixar seu cérebro livre para concentrar uma associação, achando que o “martelo vermelho” foi induzido por aqueles números.

20060320

Sobre a beleza

Beleza se põe na mesa, ou não?
Vejamos então: são belas e perfumadas as rosas, não são!
Mas iguais, ou até mesmo mais admiradas as orquídeas não serão?
Também há quem diga que igual negra tulipa outra flor cultivarão.
Há quem aprecie as rosas, quem almeje as orquídeas primorosas ou as tulipas preciosas.
Já eu aprecio a beleza de tudo que nos cerca, seja ela qual for.
Contemplar coisa mais linda que a flor-de-São-João a vestir e enfeitar a agreste cerca, não há;
É coisa até mesmo de se “fotografá” !
Há tanta beleza a nos cercar que até mesmo chegamos a ignorá-la.
Pelo conceito que temos da beleza- o conceito da comparação! -menosprezamos a beleza da flor-de-São-João para admirarmos encantados a rara tulipa, que jamais poderemos ter, tocar, ou mesmo sentir seu doce perfume.
O nosso conceito de beleza - o conceito exterior! - é efêmero como o desabrochar das flores, que tem somente uma e única formosura.
Eu, como admiro qualquer flor,vejo em toda beleza a sua beleza interior!
Beleza se põe na mesa?

20060317

Sobre Mullá Nasrudin

Como sempre desejei ter em mãos uma coletânea das histórias desse mestre tão citado por OSHO, estou agora me deleitando ao ler o livro “Contos de Ensinamento do Mestre Sufi Nasrudin” (Edições Dervish/RJ), que a minha amiga contadora de histórias (Clenira) gentilmente em emprestou recentemente.
Hodja Nasrudin, com seu humor e sua “lógica” toda especial, é um personagem criado pelos sufis com o propósito de trazer à tona a imaturidade de nossos conceitos e de nos colocar frente a frente com a mecanicidade de nossas atitudes. Suas histórias armazenam um conhecimento que procede da própria fonte do ensinamento, e o impacto que produzem é uma das técnicas utilizadas pelos Mestres Sufis para fazer com que o buscador, a partir de sua própria experiência interna, alcance uma percepção mais profunda da realidade e desperte, a partir daí, as possibilidades superiores de sua mente, pois o pensamento formal, os juízos de valor, as idéias ordinárias a respeito de tempo e espaço, embora sejam úteis para nossas atividades cotidianas, são ineficazes para a compreensão da verdadeira realidade.
Desse livro eu selecionei o seguinte conto que agora compartilho com o leitor: “O ASNO: Um dia Tamerlão recebeu de presente um asno de grande valor e apresentou-o aos cortesãos, que não pararam de elogiá-lo. Tamerlão dirigiu-se à Nasrudin e disse-lhe: - Qual é a tua opinião a respeito deste asno? - De minha parte - respondeu Nasrudin - creio que neste asno podem ser observadas grandes aptidões e, se o senhor me permitir, poderei ensiná-lo a ler, no período de alguns meses. - Se conseguires fazê-lo, eu te recompensarei muito bem - disse Tamerlão. Ao cabo de três meses, Nasrudin apresentou-se na corte com o asno e, sem dizer uma palavra, tomou um grande livro e colocou-o na frente do animal. Imediatamente este pôs-se a virar as páginas do livro com sua língua e a zurrar, cada vez que passava uma página. Surpreendido, Tamerlão perguntou-lhe como havia chegado a este resultado. Nasrudin explicou-lhe: - No primeiro dia em que levei o asno para minha casa, nada dei-lhe de comer. No dia seguinte, pus este livro na sua frente, com grãos de milho entre as suas folhas; e, faminto, o asno farejou os grãos e começou a virar as páginas do livro; quando não encontrava grãos, olhava-me no rosto e zurrava; e, assim, eu o acostumei a alimentar-se. Um dos membros da corte, tentando menosprezar o feito, disse-lhe: - A única coisa que o asno fez foi virar as páginas e zurrar, mas não leu nada! Nasrudin, dirigindo-se à corte, enfatizou: - Um asno não pode aprender a ler mais do que isto; e quem quer que pretenda ensinar-lhe mais deveria considerar a si próprio um asno”.
O asno é burro, e não pode falar, mas com o papagaio é diferente: “CURRUPACO, CURRUPACO, DÁ-O-PÉ-LORO!”...

20060316

Sobre as curiosidades numéricas

“13 anos é o quanto uma pessoa que dorme em média 8 horas por dia passou dormindo ao completar 40 anos; 16 meses é o tempo que leva para nascer o filhotinho do rinoceronte branco; 1,58 m era a altura de Napoleão Bonaparte; 70 gramas pesava o cérebro do estegossauro, animal que chegava a ter mais de 3 toneladas; 3460 Km é a extensão da Grande Muralha da China; -89,2 °C é a temperatura mais baixa da Terra, em Vostok, Antártida; 5 litros é a média da quantidade de sangue em um ser humano; 50 metros é o comprimento de uma piscina olímpica; 206 ossos compõem o esqueleto humano; 116 anos durou a Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra(1337-1453); 2 Km é a área do Principado de Mônaco; 16 Luas possui o planeta Júpiter; 8848 metros é a altura do monte Everest, o pico mais alto do mundo; 1895, foi o ano em que William Morgan criou o vôlei, nos Estados Unidos; 4,6 bilhões de anos calcula-se que seja a idade da Terra; 37 milhões de vezes , em média, por ano, bate um coração humano; 4 eram os “Três Mosqueteiros’: Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan; 24 eram os “Cavaleiros da Távola Redonda”, sem contar o Rei Arthur, o dono da Excalibur; 14 deuses tem a mitologia grega: Zeus, Apolo, Ares, Hefestos, Hermes, Hera, Possêidon, Ártemis, Héstia, Afrodite, Deméter, Hades, Dionísio e Pã; 2001 é o ano que começa o século XXI; 450 km/h é a velocidade que alguns tornados atingiram nos Estados Unidos; 600 anos pode viver uma sequóia, árvore das florestas da América do Norte; 264 papas teve a Igreja Católica desde 1523; 10 tentáculos têm a lula.”
Estes números eu tive a pachorra de copiar da toalha de papel de uma “famosa” lanchonete de nossa cidade, franchising de uma rede mundial norte-americana, quando eu, meu filho e minha esposa, dias destes, fomos lanchar num final de tarde. São números para ninguém botar defeito. Menos para algum chato, que notar a falta dos seguintes números: 7 maravilhas do mundo; 7 sábios da Grécia; 7 demônios da Babilônia; 7 vales da Índia; 7 pecados capitais; 7 anões da Branca de Neve; 7 dias da semana; 7 vidas do gato; 7 cores do arco-íris; 7 notas musicais;. e que somente com 7 reais não foi possível fazer o nosso pedido.

20060314

Sobre a salada

O meu chapéu (Toc Blanc) de cozinheiro eu ganhei do Chef Allan Vila Espejo. Ele já cozinhou uma paella para três mil pessoas, depois entrou para o Guiness Book com uma brachola gigante e, atualmente, de segunda a sexta, às 19h30, apresenta o programa “Mestre Cuca”, na Rede Mulher de Televisão, agora em rede por assinatura. Ave Chefe, sempre alerta, você é quem brilha!
O papo de hoje é gastronômico e versa sobre a salada e, sobre ela, eis o que li por ai: “Antigamente as saladas eram compostas de culpa, coragem e sobras. Para justificar os excessos e exageros dos pratos quentes, verduras e legumes temperados com óleo e vinagre aliviavam a culpa provocada pela alimentação incorreta e pesada. Fora as sábias crianças- que as odiavam! - as saladas somente eram engolidas graças à coragem e à boa educação. Para torná-las mais aceitáveis, restava o recurso hediondo de enfeitá-las com qualquer carne ou ave, sobreviventes de uma refeição passada. A criatividade era sinônimo de vale tudo: qualquer mistura impensada poderia ser atirada à mesa, para desespero dos comensais.
Dois fatores, reflexos de um único fenômeno, resgataram a salada de seu purgatório imemorial. Em primeiro lugar, a preocupação com a saúde, a forma física e o diâmetro da cintura prepararam o terreno e, desde os anos 60, vem crescendo a disposição das pessoas para se alimentarem de um modo mais compatível com a velocidade do mundo moderno e mais adequado aos novos conceitos de viver bem. Em segundo, a revolução na arte culinária iniciada em 1973 pela Nouvelle Cuisine francesa derrubou muitos dos mitos da cozinha tida como clássica. A recusa à complicação inútil, a valorização dos ingredientes naturais e frescos, a leveza e a invenção caracterizaram a nova cozinha.
Esta mudança no gosto encontra uma de suas expressões favoritas na salada. Especialmente adequadas ao nosso clima tropical, as saladas podem ser a forma mais elegante e simples de apresentar um alimento. A criatividade bem explorada, o critério na seleção e preparação, e o recurso dos temperos tradicionais ou exóticos, bem dosados, são fatores capazes de dar o toque mágico final capaz de transformar uma simples folha em um prazer gastronômico inigualável.
Preparos e receitas, de saladas e molhos, ficam pra depois. Se o leitor quiser, pesquise à vontade e exerça a sua criatividade, pois vale a pena e, quem diria, hoje em dia até mesmo a rede Mac'Donald também tem em seu cardápio uma leve saladinha.


20060313

Sobre o delírio cotidiano.

Meus amigos, comigo é assim mesmo, ao pé da letra: tamarindeiro é pé de tamarindo e não aquela planta chamada “Tamarindus índica”, árvore da família das leguminosas, originária da África tropical, de folhas penadas, com pequenos folíolos, flores amarelas e pouco visíveis, e cujos frutos, quando maduros, são bagos marrons e compridos, edules, considerados legumes indeiscentes, em cujo interior há uma polpa ácida e comestível, muito apreciada para se fazer refrescos. Convenhamos, mais fácil de se entender: pé de maçã, de goiaba, de manga, e o mesmo para maracujá, abóbora, chuchu e etetecétera.
Dito isso, vamos ao que interessa: próximo à minha casa há um supermercado onde faço as minhas compras de frutas, verduras e legumes, e como gosto de tê-los sempre fresquinhos, minhas idas à esse lugar é sempre constante. Na mesma calcada do mercado, mas na esquina oposta, bem ao lado do ponto de ônibus circular havia um lindo pé de tamarindo, com seus 15 anos ou mais. Como ele estava bem desenvolvido e atrapalhando a rede elétrica, a cada dia que passava, para cima ele ia crescendo, e, cada vez mais, subindo, subindo...; Casualmente, quando eu ia pegar o ônibus circular coincidia de por ali passar o já conhecido mendigo das redondezas, o“Zé do Pau”, o lixo posto na rua a fuçar, procurando algo de útil encontrar, de comer ou de levar, com o seu inseparável pedaço (vara) de pau que sempre carrega na mão.
Desapegado da vida e abrigado na rua sob a luz do luar, o “Zé do Pau” sobrevive de restos que cata ou lhe dão aqui e acolá, e também da cachaça do bar, pago como um pedágio prá lá ele não ficar, pois fede como um gambá. Assim vive o “Zé do Pau”, por eu visto no passado, muitas vezes acocorado debaixo do pé de tamarindo, curtindo um-sei-lá-não-o-quê, e perdido nesse seu mundo (da lua?), sorrindo, sorrindo..., e do que não sei dizer, pois, paradoxalmente seja, nem sempre pela manhã o dia amanhece tão lindo, tão lindo...
E assim crescia esse pé de tamarindo. Nos dias ensolarados não só propiciava aos usuários desse ônibus circular o refresco de sua sombra, como também floria e frutificava, cumprindo o seu destino, um dia que fora plantado justamente para isso naquela calçada, quando o bairro em questão era ainda uma periferia de nossa cidade. Essa sua teimosia - de crescer sem ser sempre corretamente podado e do qual não tinha culpa - custou-lhe a vida, cortado que foi o seu tronco bem rente ao chão por uma serra elétrica e, dele, pobre coitado desse pé de tamarindo, nem cavaco ficou! Tudo nos conformes, com certeza, com pedido de requisição e tudo mais, serviço feito pelas mãos do setor competente de nossa Prefeitura Municipal.
Eu confesso: de tamarindo, suco, doce ou geléia, não aprecio muito, mas da sombra de seu sacrificado pé, ah, isso muita gente já está sentindo falta, uma vez que o inverno já se foi. Já, prô “Zé do Pau”, outras muitas árvores não iriam lhe faltar, mas infelizemnte, recentemente fiquei sabendo que o "Zé do Pau" atropelou um carro , fraturou as duas canelas e agora não anda mais (só rasteja). Que carma ele tem que pagar sei não, mas pequeno não deve ser, e, por filantropia deve agora estar abrigado em algum lugar, longe da cachaça mas, dizem as más línguas do seu pau ele não abre mão.

20060309

Ressonância Schumann

(Por Leonardo Boff)

Não apenas as pessoas mais idosas, mas também aquelas que são jovens têm a sensação de que tudo está acelerando excessivamente. Ontem mesmo foi o carnaval, amanhã será a Páscoa, mais um pouco já é Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real? Pela ressonância Schumann e possível justificar esse fenômeno. O físico alemão W.O. Schumann, em 1952, constatou que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma desde a parte inferior da ionosfera(há 100 km de altura) e que chega até o solo. Esse campo possui uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum a todas as formas de vida.

Ele verificou também que o cérebro de todos os vertebrados é dotado da mesma freqüência de 7,83 hertz. Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa freqüência biológica natural, pois sempre que os astronautas, em razão e viagens espaciais, ficavam fora da ressonância de Schumann, passavam a adoecer de um mal desconhecido. Mas submetidos à ação do simulador de Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinha essa freqüência de pulsações, que a mantinha em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, essa freqüência passou de 7,83 para 11 e depois para 13 hertz por segundo. Conclusão: o coração da Terra disparou. Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes e agressivos nas pessoas, entre outros.

Devido a essa aceleração geral do coração do planeta, a jornada de 24 horas, na verdade, hoje é somente de 16 horas. Isso pode parecer um paradoxo, mas a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real nesse transtorno da ressonância de Schumann. Esse superorganismo que é a nossa Mãe Terra (Gaia) deverá estar buscando formas de retornar ao seu equilíbrio natural. E vai conseguí-lo, mas, como conseqüência disso, não sabemos qual o preço que a será pago, no futuro, pela biosfera e pelos seres humanos. Abre-se aqui o espaço para grupos esotéricos e organizações futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançosos, como a irrupção da quarta dimensão, pelo qual seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da Terra.

Não pretendo reforçar esse tipo de leitura, mas apenas enfatizar essa tese que já é corrente entre cosmólogos e biólogos, de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo, como os astronautas testemunham em suas naves especiais. Nós, seres humanos, somos a Terra que sente, ama e venera. Somos isso porque possuímos a mesma natureza biolétrica e estamos envoltos pela mesmas ondas ressonantes de Schumann.

Para querer que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais amor, que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso temos que ter coragem de ser anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra, para, assim, conspirar com ela pela paz.
Este post vai para o mestre OR's

20060307

Sobre datas e fatos

Quando fazia Pós-Graduação em Educação Matemática aqui na Unesp de Rio Claro (IGCE), tendo como orientador o famoso professor Ubiratan D’Ambrósio (da Unicamp), Wim Neeleman (Winie), o meu amigo holandês, após concluir a defesa de sua tese de mestrado e, antes de retornar a Moçambique, para continuar a lecionar matemática na Universidade de Maputo, me deu de lembrança um livro com a biografia de Eduardo Mondlane, personalidade histórica na emancipação política desse país, com a seguinte dedicatória: “Para o meu amigo Álvaro, sempre curioso...”.
De fato, e para não menosprezar esse “título” que ele me deu, tenho o costume diário de ler a coluna "Datas & Fatos" do Jornal Diário do Rio Claro, que, certo dia, começou assim: Hoje na história... 1796: o médico Edward Jenner testou com sucesso a primeira vacina contra a varíola em um garoto de 8 anos”. Não por acaso – pois nada acontece por acaso – o Jornal da Unesp naquela ocasião também abordou o tema virologia, com uma “janela” cujo texto, para mim, foi interessante e curioso. Seu título é “Flagelo medieval”:
“Responsável por um verdadeiro flagelo humano na Europa do século XIII, a varíola causou a morte de aproximadamente 60 milhões de pessoas. Até mesmo os sobreviventes sofreram enormes seqüelas, como perda da visão, e desfiguração do rosto, com horríveis cicatrizes. Obcecado por descobrir a cura da varíola, o médico inglês Edward Jenner, no século XVIII, revolucionou a medicina, passando a ser considerado o pai da imunologia.
Nascido em Berkeley, ele observou, durante 20 anos, os efeitos de uma doença que acometia freqüentemente o gado bovino da sua região: a cowpox. Semelhante à varíola humana – conhecida na Inglaterra como smallpox -, a doença bovina causava pústulas vesiculares nas mamas das vacas e lesões similares nas mãos das pessoas que as ordenavam. As feridas provocadas pela cowpox desapareciam espontaneamente. Os indivíduos que a contraíam, entretanto, curiosamente ficavam imunes a smallpox.
Em 1796, o médico realizou a experiência derradeira. Inoculou o líquido retirado das vesículas da mão de uma camponesa contaminada pela cowpox na pele do braço de um menino de oito anos, que desenvolveu pústulas no local da escarificação e alguns sintomas gerais da doença. Após seis semanas, inoculou o pus da smallpox na criança. Em pouco tempo, o médico constatou que o menino não havia contraído a doença. Estava descoberta a vacina antivariólica.
A palavra vacina, por sua vez, surgiu justamente da experiência realizada por Jenner, ou seja, a utilização da cowpox para a prevenção da smallpox. O adjetivo latino vaccina, que significa “de vaca” em português, foi substantivado e adaptado a vários outros idiomas, como o inglês, vaccine; o francês, vaccin; o alemão, vakzine; o espanhol, vacunba; e o italiano, vaccino.”
Todos sabem que “curiosidade mata”. Assim diz o ditado popular. Mas, quanto a isso, acredito que, desse mal, já estou “vacinado” e valeu aqui a lembrança desse meu amigo holandês, que, no momento, não sei dizer por onde andará, uma vez que sua kilometragem de estrada supera, em muito, a da famosa "Coluna Prestes"!

20060306

Honorável leitor

A sabedoria chinesa é um poço sem fundo de conhecimento humano. No Ocidente, usualmente o pensamento chinês é sempre associado ao do grande mestre Confúcio.
Assim sendo, honorável leitor, Confúcio disse:
“Mesmo uma jornada de mil quilômetros começa pelo primeiro passo.”;
“Mil dias não bastam para aprender o bem; para aprender o mal, uma hora é demais.”;
“Quem semeia espinhos não deve andar descalço.”;
“Amar os homens é a essência da convivência; conhecer os homens é a essência da sabedoria.”;
“Os privilegiados estudam pouco tempo e se tornam sábios; os menos favorecidos se tornam sábios, mas estudam muito tempo; os de categoria inferior permanecem ignorantes e aprendem palavras.”;
“A cultura está acima de qualquer diferença de condição social.”;
“Quem pergunta é bobo por cinco minutos; quem não pergunta é bobo para sempre.”;
“O homem de mente elevada não se sente magoado quando é desconsiderado pelos outros.”;
“Ultrapassar o alvo é tão ruim quanto não atingi-lo.”;
“Aprender sem pensar é esforço vão; pensar sem nada aprender é nocivo.”;
“Ser pobre sem reclamar é difícil; ser rico sem presunção é fácil.”;
“Ao fazer vossas preces, imaginai a divindade presente!”;
“A verdade se contenta com poucas palavras.”
“Não atire pedras sobre quem caiu no poço.”
“Conta-me o passado, e saberei o futuro.”
“A paz é fruto da árvore do silêncio.”
Confúcio não disse: “por hoje chega!”
Tin-Tin!

20060303

A máquina do tempo

Nem todos sabem, mas, entre os poderes da inteligência e da sabedoria há uma grande diferença. Li por aí, em algum lugar, que: “inteligente é aquele que consegue produzir uma bomba atômica”, enquanto, “sábio é aquele que consegue desarmá-la."
Assim sendo, um cientista, detentor de grandes honras e conhecimentos, resolveu criar uma máquina do tempo para dirimir de seu nobre intelecto algumas poucas dúvidas que o afligiam. Não só construiu a dita cuja, como também, em missão particular, a programou para levá-lo à presença de Tales de Mileto (640-546 a.C.), um dos mais famosos e antigos dos sete sábios da Grécia Antiga.
Lá chegando, com o maior objetivismo e sem maiores delongas, logo procurou confundir o sábio com as perguntas que mais lhe interessavam: “P- Qual a coisa mais antiga? R- Deus, porque sempre tem existido; P- Qual é coisa mais formosa? R- O Universo, porque é obra de Deus; P- Qual é a maior de todas as coisas? R- O Espaço, porque contém todo o Creador; P- Qual é a coisa mais constante? R - A Esperança, porque permanece no homem depois que ele haja perdido tudo mais; P- Qual é a melhor de todas as coisas? R- A Virtude, porque sem ela não existe nada de bom; P- Qual é a mais rápida de todas as coisas? R- O Pensamento, porque em frações de segundo ele pode voar até o final do Universo; P- Qual é a mais forte das coisas? R- A Necessidade, porque ela faz com que o homem enfrente todos os perigos da vida; P- Qual é a mais fácil de todas as coisas? R- Dar conselhos; P- Qual é a mais difícil de todas as coisas? R- Conhecer a si mesmo!”
E, por último, com o paradaxo dessa última resposta, Tales também sugeriu que o cientista voltasse um pouquinho mais a sua máquina do tempo e que fosse procurar um outro grande filósofo grego, para obter a resposta de uma nova pergunta que o sábio segredou-lhe ao rabo do ouvido. Dito e feito: lá chegando o cientista perguntou à Sócrates (470-399 a.C.): “Eu sou inteligente?” No que este respondeu-lhe: “Inteligente é aquele que sabe que nada sabe!”.
Pois é, prezados leitores, com um mínimo de sabedoria é necessário e urgente que, com humildade, conheçamos a resposta à estes dois grandes enigmas (“conhece-te a ti mesmo” e “inteligente é aquele que sabe que nada sabe”) pois neles está todo o segredo do Universo.
“PERIGO, PERIGO, PERIGO...”: com ou sem máquina do tempo, “Perdidos no Espaço” é outra história.... e, essa, fica prá depois.

20060301

Sobre a Causa e Efeito

"Uma flor não desabrocha de repente. Ela passa por um processo de transformação desde a sua semente, até atingir a sua plenitude e cumprir sua missão: embelezar nossas almas.
Assim também acontece com as grandes catástrofes da humanidade, que podem ter tido seu início nas pequenas sementes de intenções erradas de ódio e cobiça em nossos corações.
A lei de causa e efeito atua no Universo em silêncio, independente de estarmos conscientes dela ou não.
Ao conhecermos esses princípios, percebemos o nosso poder de transformação do nosso destino e do destino da ahumanidade, purificando os nossos corações, empenhando-nos na auto-transformação e ascensão espiritual."
Mestre Sim Soon Hock - Associação Ad Lumen de Filosofia Oriental - Jundiaí - SP